quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Trabalho voluntário - Chokling Monastery

Após quatro meses trabalhando em favelas e orfanatos, com crianças extremamente pobres e carentes e em locais desprovidos de beleza e com condições higiênicas deploráveis, fiquei surpresa ao chegar no meu novo local de trabalho - Chokling Monastery, um templo e monastério belíssimos, rodeado pelas montanhas do Himalaia.

Chokling Monastery
Chokling Temple
Dessa vez, eu e minha irmã estamos dando aula de inglês apenas para meninos, pequenos monges, de 06 a 16 anos, que aos 18 terão que tomar a decisão de se tornar monge oficial ou não. Não sei se eles terão outra alternativa, uma vez que muitos são órfãos e outros foram deixados ali por suas famílias, por serem muito pobres e não terem condições de mantê-los, quando no monastério, terão uma vida relativamente agradável e sobreviverão de doações.

Prédio onde fica a sala de aula
Nossa sala tem aproximadamente 28 alunos e diariamente separamos os menores dos adolescentes, uma vez que eles ainda não sabem ler e escrever. Um dia eu ensino os pequeninos, outro dia ensino os adolescentes e assim vou revezando com a minha irmã .

Dando aula de inglês
De qualquer forma, também descobrimos que muitos dos adolescentes falam inglês, mas também não sabem ler e escrever. Voluntários anteriores focavam apenas em conversação, sendo que eu e minha irmã também os cansamos de tanto fazê-los escrever! Por um ano eu dei aula de inglês em São Paulo como voluntária, por isso eu já tinha aulas preparadas, que trouxe comigo em um pen drive.

Achei que trabalhar com monges seria mais tranquilo do que com as barulhentas, mas não menos adoráveis crianças das favelas, uma vez que crescem estudando budismo, que prega a tolerância e sobretudo o amor ao próximo, seja ele um ser humano ou uma formiga. Mas eles são crianças como outras quaisquer, que bagunçam, adoram jogar futebol, fazer piadas, ouvir música no celular, assistir desenho animado, mas sobretudo, adoram brincar de lutar.

Futuros monges fazendo a maior zona na sala de aula
Tenzin ouvindo música no celular
Sangay Tashi desenhando
A única diferença é que eles usam um manto vermelho, chamado zen e que simboliza a concentração, e são carecas, seguindo o “estilo” de Buda. Na filosofia budista, raspar o cabelo é sinônimo de renúncia e superação da vaidade.

Ao contrário do belo e colorido templo, a sala de aula se encontra em um estado precário e cheirando a mofo. Suas paredes estão imundas e rabiscadas, grande parte das mesas e assentos de madeira em estilo tibetano estão quebrados e os colchonetes onde os estudantes sentam estão imundos.

Além disso, eles não têm material escolar, a não ser caderno, lápis e borracha. Não têm livros, nem lápis de cor. Eu e minha irmã já estamos pensando em algo para ajudá-los, uma vez que este é o único monastério que não tem grandes doadores, a não ser os moradores locais, que colaboram como podem.

Assim como em Delhi, também estou trabalhando em Bir através da ONG Volunteering Activity. Quem quiser mais informações, pode entrar em contato com Ananta Kumar através do site:





terça-feira, 30 de outubro de 2012

Bir, um refúgio tibetano na Índia

A pequena cidade de Bir, ao Norte da Índia e há 80 km de Dharamsala, será o último local onde eu e minha irmã trabalharemos como voluntárias. Cercada pelos Himalaias, Bir é também um refúgio de tibetanos que fugiram do Tibet quando o país foi tomado de forma trágica pela China, em 1951, e também para acompanhar o Dalai Lama, que foi muito bem recebido pela Índia.

O que mais me chamou a atenção é que por toda a cidade há milhares de bandeirinhas coloridas. De acordo com o Dawa, coordenador dos voluntários, elas trazem sorte e proteção às casas tibetanas.

Bandeirinhas tibetanas na laje da nossa casa para trazer sorte e proteção
Além disso, ao contrário de toda a Índia onde há milhares de vacas, aqui é o local com o maior número de cachorros de rua que já vi. À noite sempre acontece um festival interminável de latidos.

Pacata e com apenas uma rua principal, chegamos em uma época bem movimentada, pois Bir também é um dos melhores lugares do mundo para a prática de paragliding. Justamente essa semana está acontecendo uma competição e a cidade está cheia de esportistas do mundo inteiro. Turistas também podem saltar com um instrutor, pela bagatela de INR 3,000.00 rúpias (US$ 60 dólares).

Paragliding em Bir

Área de pouso dos paragliders

Nossa família tibetana

Bem como na África do Sul moramos com sulafricanos, no Quênia com quenianos e em Delhi com indianos, em Bir moraremos com uma família tibetana. Na casa moram o Dawa, coordenador dos voluntários, sua irmã Yeshe e o pai deles. A mãe faleceu recentemente e eles ainda têm mais três irmãos morando em outros países. Yeshe cuida dos voluntários como se fossem seus filhos. É ela quem cozinha deliciosas refeições e quem nos levou em nosso local de trabalho no nosso primeiro dia.

Yeshe, eu e Dawa
A casa é enorme. Com três andares e 12 quartos, mais parece um hotel, mas é bem aconchegante. O pai do Dawa a construiu grande desse jeito para poder receber sua família que ainda mora no Tibet, caso também quisessem fugir do domínio chinês. Há aproximadamente 60 anos ele fugiu do Tibet e caminhou por dois meses até cruzar a borda com a Índia.

Casa onde estamos morando em Bir




segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Assistindo aos ensinamentos do Dalai Lama

Eu e minha irmã estamos hospedadas há 15 minutos do Templo do Dalai Lama. Às 07h da manhã estávamos de pé para assistir aos seus ensinamentos, que começaria às 09h. Imaginei que seria uma loucura, que deveríamos chegar super cedo, mas foi tudo muito bem organizado e todos muito civilizados.

Os principais lugares do templo que davam visibilidade ao Dalai Lama, já estavam reservados com colchonetes, mas a convite de alguns generosos tibetanos, pudemos nos acomodar em um lugar estratégico, com direito a um tapete de lã que eles nos emprestaram para não sentarmos no chão frio.

Dentro do templo, com a cadeira do Dalai Lama ao fundo
Estátua do Buda, atrás da cadeira onde Dalai Lama costuma se sentar
Os tibetanos nos deram inclusive canecas para que pudéssemos tomar o chá oferecido pelo templo, chá este que adicionam manteiga e sal, chamado Butter Tea. Tive que fazer um grande esforço para tomá-lo, pois os tibetanos são pessoas tão lindas, espiritualizadas e gentis, que eu não poderia fazer a desfeita de não tomar.

O Dalai Lama foi pontual. Sua casa fica em frente ao seu próprio templo e para chegar ao local onde costuma se sentar, ele precisa subir apenas uma escadaria. Quando ele se aproximava, notei as pessoas emocionadas e algumas até mesmo chorando. Quando ele finalmente passou por mim meus olhos também encheram de lágrima. Não há como negar que ele é uma pessoa especial. 

Décimo quarto Dalai Lama
Seus ensinamentos foram transmitidos por uma rádio local e em diferentes línguas, devido à grande quantidade de estrangeiros de todas as partes do mundo. Suas palavras foram belas como sempre e focadas sobretudo na prática da tolerância com o próximo, no intuito de encontrarmos a paz interior e assim termos uma vida mais feliz.

Câmeras fotográficas e celulares são proibidos durante os ensinamentos, devendo ser deixados em casa ou em armários com cadeados no próprio templo. Rádios já com pilha também são vendidos na entrada por aproximadamente INR 200 rúpias (U$ 4 dólares), mas leve um fone de ouvido, pois não sei se vendem no local.

Quem quiser saber mais sobre a vida do 14º Dalai Lama pode assistir ao filme Kundun, no qual o diretor Martin Scorsese descreve como ele foi escolhido como a reencarnação de Buda, como se tornou um líder político, como lutou por seu povo quando o Tibet foi tomado de forma trágica pela China e sobre seu exílio na Índia.

Infelizmente só pudemos assistir aos seus ensinamentos na parte da manhã, pois à tarde seguimos para nosso novo local de trabalho, na cidade de Bir, há duas horas de carro de Dharamsala.



domingo, 28 de outubro de 2012

Dharamsala, casa do Dalai Lama na Índia

Após um mês na agitada cidade de Delhi, foi uma mudança muito agradável chegar em Dharamsala, uma cidade pequena e tranquila ao norte da Índia, no estado de Himachal Pradesh, completamente construída no topo de uma montanha e cercada pelos Himalaias.

Dharamsala cercada pelos Himalaias
De Delhi a Dharamsala leva-se 12 horas de ônibus e por ser uma cidade montanhosa, as curvas são estreitas e infinitas. A viagem foi cansativa e um verdadeiro pesadelo. Me senti no ônibus da morte, com um motorista “sikh” (religião) dirigindo como um “sick” (louco).

No topo de Dharamsala fica o charmoso e aconchegante bairro de McLeod Ganj, com suas ruas estreitas, onde carros concorrem com pedestres, vacas e monges. 
 
Uma das estreitas ruas de McLeod Ganj, em Dharamsala
Lojas e barraquinhas vendem todos os tipos de souvenirs a preços de banana e agradáveis vendedores tibetanos são extremamente gentis, ao contrário dos indianos, que geralmente são pegajosos e sempre tentam tirar vantagem dos turistas.

Simpático artista pintando quadros tibetanos nas ruas de McLeod Ganj

Dharamsala é o paraíso dos praticantes de yoga e vipassana, uma das técnicas de meditação mais antigas da Índia, através da qual é necessário ficar vários dias sem se comunicar, seja pela fala ou pela escrita. 

Aqui também é possível fazer cursos de culinária, massagem e medicina ayurvédica (terapia natural, normalmente à base de ervas, focando não somente na doença, mas sim no corpo, mente e espírito). Qualquer curso é facilmente encontrado através de coloridíssimos papéis colados por todas as ruas de McLeod Ganj.


Para ter acesso às casas e acomodações, é necessário subir infinitas escadarias e andar por corredores extremamente estreitos, dividindo o caminho com macacos e cachorros.

Corredores de McLeod Ganj
Cheia de monges e tibetanos, a cidade também é residência do 14º Dalai Lama desde 1959, quando ele teve que fugir do Tibet, oito anos após seu país ter sido tomado de forma trágica pelo exército chinês (1951), devido a desentendimentos políticos com Mao Tse Tung, presidente da China na época.

O primeiro lugar que visitamos foi obviamente o Templo do Dalai Lama (Tsuglagkhang Temple), sendo que sua casa fica logo em frente. Seguindo os rituais budistas, demos três voltas ao redor do templo, sempre em sentido horário, em sinal de respeito e auspiciosidade.

Ao contrário de muitos templos budistas, cheios de cores, ornamentos e até mesmo ostentação, esse templo é extremamente simples e humilde, assim como o próprio Dalai Lama.

Templo do Dalai Lama, em Dharamsala (Foto retirada da internet)

Portão de entrada da residência do Dalai Lama
Também giramos as Rodas da Prece, que são cilindros giratórios com rolos de papel por dentro, onde estão escritas milhares de preces. De acordo com a tradição budista, ao girá-las, emanamos as preces para o mundo, tendo o mesmo poder da reza ou da entoação de mantras. 

Rodas da Prece, dentro do Templo do Dalai Lama
Por sorte, ficamos sabendo que o Dalai Lama estava na cidade e daria uma palestra no dia seguinte. Não tivemos dúvida, entramos na fila e nos inscrevemos para assistir aos seus ensinamentos.

O chão do templo já estava tomado por colchonetes, com nomes de pessoas que reservaram seus lugares com antecedência. Ao contrário de quando ele esteve no Brasil e para assistí-lo foi caríssimo, aqui não tivemos que pagar nada.

Lugares reservados com colchonetes para assistir aos ensinamentos do Dalai Lama
McLeod Ganj é um bairro pequeno e pacato de Dharamsala, mas que lota de turistas, hippies, praticantes de yoga, budistas e outros maluquetes, quando Dalai Lama está na cidade. Assim como todos eles, também passarei o final de semana em McLeod Ganj para assistir aos ensinamentos do Dalai Lama e seguirei para Bir, há 80 km de Dharamsala, onde iniciarei meu novo trabalho voluntário, ensinando inlgês para monges em um monastério.



*Dica de restaurante em McLeod Ganj: Carpe Diem. Você sendo vegetariana(o) ou não, experimente o Cheese Veg Burguer with Mushroom Sauce (Hamburguer vegetariano com molho de champignon), simplesmente divino!



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Garden of Five Senses

Do Dilli Haat, fomos visitar um parque muito gracioso chamado Garden of Five Senses (Jardim dos Cinco Sentidos), subdividido em pequenos jardins e projetado com diferentes temas para estimular os sentidos a partir de diferentes formas, cores, aromas e texturas. Dinâmicas obras de arte estão espalhadas pelo parque, tornando-o mais interativo para os visitantes.




Além disso, seu nome realmente faz jus ao parque, pois é lá que muitos casais indianos se escondem para namorar. Eles literalmente se escondem atrás das moitas, dos postes, de qualquer matinho. Justo eles que se demonstram tão conservadores! Na minha opinião, são falsos puritanos, que consideram as mulheres brancas/estrangeiras imorais somente pelo que vêem na TV, sendo que no fundo, acho que nos invejam por nossa mente aberta e liberdade de expressão.

De qualquer forma foi engraçado caminhar pelo parque e pegá-los no flagra a todo momento. Eu, minha irmã e nossa amiga Mare dávamos risada cada vez que encontrávamos alguém escondido, somente pelo prazer de constrangê-los, da mesma forma que os homens indianos agem conosco! Nos constragem ao nos encarar continuamente com seus olhares e risadinhas descaradas, ao nos seguirem pelas ruas e tentarem nos fotografar sem nossa permissão.



A visita ao parque vale a pena, não somente para dar umas boas risadas, mas por ser um lugar verde e bonito, em meio a uma cidade tão poluída. A entrada custa INR 20 rúpias e abre diariamente das 06 às 19h.



Dilli Haat Bazar & Mehndi (Henna tattoo)

A Índia é um prato cheio para turistas consumistas e não-consumistas também, pois é simplesmente impossível não comprar nada! Há artigos para todos os gostos – roupas, sapatos, pashminas, belíssimas colchas de patchwork feitas à mão, estátuas de divindades, incensos, luminárias, pratas e pedras preciosas, tudo muito barato e muito atrativo.

O importante é sempre ser cauteloso para não ser enganado pelos pegajosos vendedores indianos. Ao converter as rúpias para dólar, tudo se torna extremamente barato, mas ainda assim, certamente estarão cobrando o dobro.

Portanto, a cultura aqui na Índia é barganhar, tentando chegar sempre à metade do preço sugerido. Se o vendedor insistir em não baixar o preço, diga que vai pensar e que dará uma volta para pesquisar. Ao sair andando, certamente mudarão de idéia. Eles são bem previsíveis neste aspecto!

Em Delhi, visitamos o Dilli Haat, um famoso bazar na estação I.N.A. do metrô. A entrada custa INR 20 rupees e além de várias lojinhas, há também uma praça de alimentação e um stand onde uma indiana faz as famosas tatuagens de henna, técnica esta conhecida como mehndi, uma arte tradicional de pintar pés e mãos para ocasiões especiais, principalmente casamentos.

Dilli Haat Bazar


Claro que eu não poderia deixar de experimentar e após aproximadamente 30 minutos minha mehndi estava pronta. Normalmente, as mulheres indianas fazem desenhos nas palmas das mãos, mas eu preferi no dorso, caso contrário daria muito trabalho, uma vez que eu ainda teria que pegar o metrô para voltar para casa.

Mehndi (henna tattoo) 
A henna é uma planta usada desde a antiguidade para tingir a pele, cabelo, couro e lã. O corante derivado da planta é misturado com água, obtendo uma consistência cremosa. Após a secagem, a henna adquiri uma cor marrom-alaranjada e pode durar até mais de uma semana na pele.

Henna com consistência ainda cremosa
Enquanto esperava secar, fiquei circulando pelo bazar sem fechar a mão para não estragar o desenho. Ao secar, a henna vai craquelando e após duas horas, as casquinhas podem ser removidas, sendo recomendável não molhar até o dia seguinte.

Henna craquelando após secagem e a tatuagem marrom-alaranjada surgindo
Os desenhos podem ser escolhidos através de fotos ou podendo deixar à escolha da artista. Escolhi meu desenho e paguei INR 350 rúpias (US$ 7 dólares) pela minha mehndi. Uma das voluntárias que estava comigo - Mare, também fez, mas deixou o desenho a critério da indiana e pagou INR 300 rúpias (US$ 6 dólares).

Mare e eu com nossas belas mehndis
Os preços podem variar muito, sendo que também depende do tamanho. Vi artistas cobrando de INR 50 a 700 rúpias. No entanto, muitas vezes a henna pode não ser de qualidade, não durando por muito tempo. Melhor pagar um pouco mais e fazer em locais turísticos e confiáveis. Além disso, é recomendável fazer um teste na dobra do braço para saber se não causará alergia.



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Dusheera Festival

Nos dias 24 e 25 de Outubro, acontece na Índia o Duseehra Festival, que celebra a vitória do bem sobre o mal.

Há uma série de contos mitológicos sobre tal celebração, mas a principal delas seria sobre a batalha de Ramayana (uma das mais importantes obras literárias da Índia antiga), quando o Príncipe Rama e seu devoto ardente, o Deus-Macaco Hanuman*, derrotam Ravan, um demônio com 10 cabeças, por ter sequestrado Sita, a esposa de Rama.

Os indianos são especialistas em festivais e os celebram de forma efervescente. Nem todos os estados da Índia comemoram da mesma maneira, mas em Delhi, bonecos gigantes de Ravan são queimados com fogos de artifícios em seu interior.  

Boneco gigante do Demônio Ravan e suas dez cabeças
As ruas ficam movimentadíssimas, todos ficam eufóricos e barracas vendem desde fogos de artifícios, bijuterias e até mesmo brinquedos que seriam as supostas armas usadas durante a batalha.


Para todo festival os hindus realizam alguma forma de oferenda. Durante nove dias que precedem o festival, eles só podem se alimentar com frutas, batata e água. E um dia antes do festival distribuem comida para moradores de rua.

Juntamente com a nossa família indiana, também participamos dessa comemoração, oferecendo comida para as crianças da favela de Nehru Colony, na Morning Light School, escola onde eu e minha irmã estamos trabalhando como voluntárias.  

Eu e Sushma preparando os pratinhos de comida

Crianças comendo dentro da sala de aula

Indianinhos embrulhando a comida para mais tarde

*Hanuman, o Deus-Macaco

Conta a lenda que os Deus Shiva e a Deusa Parvati brincavam na floresta, quando decidiram tomar a forma de macacos para desfrutar de suas ágeis habilidades. A interação entre ambos gera uma grande quantidade de energia e Shiva se expressa emergindo esperma no meio ambiente. Para não poluir o ambiente e nem criar qualquer tipo de corrupção ou até mesmo algum desequilíbrio à natureza, Shiva pede ao Deus do Vento que leve embora essa energia.

O Deus do Vento direciona essa energia para Anjana, uma mulher elevada espiritualmente e que queria muito ter um filho que pudesse ajudar a humanidade. Dessa energia nasce Hanuman, um dos deuses mais importantes do hinduísmo, que representa a coragem e afasta o mal. Esta história é muito semelhante ao nascimento de Jesus Cristo, uma vez que Maria engravidou através de uma “energia” gerada pelo Espírito Santo.

Hanuman, Deus-Macaco do hinduísmo, símbolo de coragem e proteção
Hanuman possui a feição de macaco, pois sua mãe Anjana era uma mulher “Vanara”, que na mitologia hindu, é um tipo de ser-macaco. Vanaras são descritos como povos tribais, que vivem nas florestas, em estado selvagem. São energéticos, ativos e travessos. Por outro lado, os Vanaras também representam o ser humano com intelecto, que mesmo sendo animais racionais, muitas vezes agem motivados por seus instintos selvagens.




domingo, 21 de outubro de 2012

Agra Fort

Construído em 1565 como uma fortaleza militar pelo Imperador Mogol Akbar, Agra Fort acabou se tornando um grande palácio, onde após a construção do Taj Mahal, o Imperador Mogol Shah Jahan (neto de Akbar) foi aprisionado por seu próprio filho Aurangzeb, ao tomar seu poder.

Entrada do Agra Fort
Durante 13 anos, Shah Jahan só pôde admirar sua criação - Taj Mahal, através das janelas da Fortaleza de Agra, falecendo em 1666. 

Local de onde é possível ver o Taj Mahal, há 2,5 km de distância
Por dentro, o forte mais parece uma cidade, cercado por muralhas com 20 metros de altura construídas em arenito vermelho que protegem um complexo com belos jardins, palácios e salões construídos em mármores, onde eram realizados discursos públicos e encontros com governos de outros países.

Salões onde ocorriam discursos públicos e encontros com oficiais

Belos jardins por dentro das muralhas do Agra Fort
O Império Mogol foi estabelecido na Índia a partir de 1520, sendo seu nome proveniente da palavra persa “mongol”, somente para distinguir a conquista da Índia, de conquistas anteriores desse mesmo povo. O Império Mogol durou até meados dos anos 1700, quando os britânicos passaram a ter poder absoluto na Índia.

Ao visitar o Taj Mahal e o Agra Fort no mesmo dia, um desconto de INR 50 rúpias é concedido nos ingressos, totalizando em INR 1,000.00 rupees (US$ 20 dólares) ambas as entradas.


sábado, 20 de outubro de 2012

Taj Mahal, uma história de amor

No meio de uma grande batalha, o Imperador Mogol (Mughal) Shah Jahan foi chamado com urgência por sua esposa favorita (dentre outras duas) - Aryumand Banu Begam, a quem ele chamava de Mumtaz Mahal (Jóia do Palácio). Antes de parir seu décimo quarto filho, ela fez a ele três pedidos:

- que não se casasse mais, para que ela permanecesse como a esposa mais amada;

- que tratasse todos os filhos e filhas igualmente;

- e por fim, que construísse para ela um lindo mausoléu quando morresse e infelizmente, como se tivesse pressentido, este foi seu último parto.

Todos os seus desejos foram realizados e assim foi construído o belíssimo Taj Mahal, situado na cidade de Agra, no estado de Uttar Pradesh, há aproximadamente 200 km de Delhi. O nome Taj provém do persa e significa coroa. Mahal, vem do sobrenome de Mumtaz, originando assim Taj Mahal, ou seja, a "Coroa de Mahal".

O Taj Mahal começou a ser construído em 1631, assim que Mumtaz faleceu. Todo em mármore branco e conceitualmente baseado na delicadeza feminina, o mausoléu possui uma simetria perfeita, demonstrando as avançadas técnicas da arquitetura da época.


Belos desenhos florais foram incrustrados no mármore com pedras preciosas e semi-preciosas. Porém, parte dessas riquezas foram furtadas durante o poderio britânico.


Em suas arcadas principais há caligrafias retiradas do Alcorão, porém estas inscrições eram praticamente ilegíveis, tendo sido utilizadas provavelmente como elementos decorativos. No entanto, estudos recentes revelam que se referem a temas relacionados à justiça, inferno para os incrédulos e paraíso para os fiéis.

Topo de uma das arcadas principais com desenhos florais e inscrições do Alcorão
Inscrições do Alcorão fotografadas de perto
Duas mesquitas idênticas foram construídas de cada lado do Taj Mahal, também a mando de Shah Jahan, para que os construtores muçulmanos não precisassem deixar o local cinco vezes por dia para rezar, e dessa forma, não atrasando a construção do mausoléu.

Mesquita à esquerda do Taj Mahal
Mesquita à direita do Taj Mahal
Assim que o Taj Mahal foi finalizado, em 1653, seu trono foi tomado e Shah Jahan foi aprisionado em Agra Fort, por seu ambicioso filho Aurangzeb. Shah Jahan preferiu não relutar, impondo apenas seu desejo de também ser enterrado no Taj Mahal, ao lado de sua amada esposa.

Durante 13 anos, Shah Jahan só pôde admirar sua criação através de uma pequena janela da Fortaleza de Agra, vindo a falecer em 1666. Dentro do mausoléu, é possível ver as duas tumbas. No entanto, o casal está enterrado sob o Taj Mahal, sendo que o acesso é proibido ao público.

No total, 20.000 pessoas trabalharam na construção do Taj Mahal, além de mil elefantes. Diz a lenda que, após ter sido finalizado, Shah Jahan mandou amputar os braços de todos os artesãos, para que ninguém pudesse construir nada igual ou semelhante. As amputações foram consentidas pelos próprios trabalhadores, mediante a um alto salário que pudesse manter suas famílias para o resto de suas vidas. No entanto, não existem evidências que comprovem esta hipótese.

Assim como praticamente todos os monumentos da Índia, em 1983 o Taj Mahal também foi classificado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade. E em 2007, foi anunciado como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo.


Mesmo recebendo mais de 3 milhões de turistas por ano, a cidade de Agra parece não se preocupar com tanta pobreza e poluição. Além disso, ao circular pela cidade é possível ver milhares de macacos pelas ruas.

Em 2002, o Taj Mahal teve que passar por uma grande restauração justamente por causa da poluição, tendo sido limpado com um produto à base de óleo, cereais, leite e limão chamado multani mitti, mesmo produto usado pelas indianas para hidratarem suas peles.

Atualmente, após tanto trabalho na limpeza do mármore, qualquer automóvel deve manter uma distância de 300 metros da entrada do Taj Mahal. Para chegar ao local, além dos famosos tuk tuks e rickshaws, há carruagens puxadas não somente por cavalos, mas também por camelos.

A entrada custa INR 750 rúpias (US$ 14 dólares) e abre de 3ª a domingo, a partir das 06h da manhã, melhor horário para visitar o Taj Mahaj, para evitar a multidão. É proibido tirar fotos dentro do mausoléu e entrar com qualquer tipo de alimento no complexo. Uma rigorosa revista é feita em todos os visitantes, onde também nos entregam uma sapatilha feita de TNT, para ser usada ao entrar no mausoléu e assim proteger o chão de mármore, coberto de mosaicos.

Sempre sonhei visitar o Taj Mahal. Não por ser um dos pontos turísticos mais visitados na Índia, mas pelo fato de ter uma história de amor por trás de uma belíssima construção. Simplesmente imperdível!

Mais um sonho realizado na companhia da minha irmã