terça-feira, 28 de agosto de 2012

Kibera - 2a maior favela da África e do Mundo

Kibera é a 2ª maior favela do continente africano e do mundo, com aproximadamente 1 milhão de pessoas vivendo em condições precárias, sobretudo com a falta de saneamento básico.  Em 1º lugar, vem a favela de Soweto, em Johannesburg, na África do Sul.
Principal rua de acesso à Favela de Kibera
A NVS (Network for Voluntary Services), ONG para a qual estou trabalhando como voluntária aqui no Quênia, nos levou até Kibera para vermos os projetos que têm desenvolvido para ajudar a comunidade. Durante nossa visita, aproveitamos para levar comida para algumas famílias que não têm condições de se manter.
Algumas partes da favela são bem claustrofóbicas, com pequenos corredores, poças de água suja e muito lixo. Em virtude disso, o lugar cheira mal, há muitas moscas e claro, malária. Entretanto, as pessoas que vivem em áreas com alta incidêndia de malária acabam desenvolvendo certa imunidade à doença. Mas ainda assim, mais pessoas morrem de malária no Continente Africano, do que de AIDS. Acredite se quiser, mas 90% dos casos de malária no mundo ocorrem ao sul do Deserto do Saara.



Infelizmente, o governo não faz nada por esta favela, muito menos recolher o lixo. A explicação que nos deram é que o governo prioriza a alimentação, mas ainda assim, as pessoas não têm o que comer.
A solução que alguns moradores encontraram para tentar se livrar do lixo é fazendo fogueiras. Porém, a fumaça é extremamente tóxica, pois queimam principalmente sacolas e garrafas plásticas.

Visitamos 03 famílias que são praticamente mantidas pela NVS. A primeira família era formada por uma mãe solteira, 03 filhos e 01 neta, porém, ela sofreu um derrame e não pode mais trabalhar para sustentar a todos. A segunda família, por falta de instrução,  uma das filhas fez sexo sem camisinha com um “amigo” e contraiu HIV aos 16 anos, logo na primeira vez. Mas o que mais me partiu o coração foi visitar um senhor de 74 anos, motorista de táxi aposentado, vivendo em um pequeno cômodo com chão de terra, sem janela e apenas uma cama de solteiro caindo aos pedaços. O cheiro era insuportável e é neste cubílo que ele passa os seus dias, feliz por ainda conseguir ler a bíblia, mesmo com ambos os olhos praticamente cobertos por cataratas.
Em seguida, fomos visitar uma escola para deficientes físicos e mentais, fundada e mantida por voluntários canadenses, que mesmo já tendo indo embora do Quênia, ainda mandam dinheiro para a NVS manter este projeto iniciado há menos de 02 meses. Antigamente essas crianças, cinco no total,  ficavam em suas casas sozinhas, deprimidas, vegetando o dia inteiro, enquanto seus pais trabalhavam. Atualmente, elas contam com o apoio de uma professora e um motorista da ONG, que as buscam e as levam todos os dias para a escola.
E por último, visitamos uma escola de costura, também inaugurada recentemente por um voluntário, que comprou 03 máquinas de costura para que mulheres da favela possam aprender e desenvolver uma habilidade, para tentarem arranjar um emprego ou até mesmo trabalharem em suas casas. O aluguel e o pagamento da instrutora são pagos pela NVS.
Escola de costura
Fiquei feliz por ver com meus próprios olhos, onde o dinheiro de todos nós, voluntários, é investido. A NVS é uma ONG que faz acontecer. Eles não só colocam a mão na massa, como permitem e até mesmo incentivam os voluntários a desenvolverem novos projetos.

Segurança da NVS, voluntárias Lia e Jody (irmãs australianas),
James (funcionário da NVS), eu e minha irmã

Website NVS: http://nevos.org/

domingo, 26 de agosto de 2012

Nairobi Chapel

Grande parte da população queniana é extremamente religiosa, sendo o cristianismo a principal religião. Para quem não sabe, os cristãos se diferem dos católicos por não acreditarem em santos e anjos, porém acreditam no diabo e no inferno.
Sendo assim, eu e minha irmã não poderíamos deixar de morar com uma fervorosa família cristã. Antes de todas as refeições temos que rezar, bem como antes de ir dormir. Wangure, o pai da família, era um pastor, porém não prega mais. Domingo é o dia sagrado de ir à igreja. Há mais de 20 anos eles nunca deixaram de comparecer à missa.
Não tenho o costume de ir à igreja no Brasil, bem como minha irmã também não vai na Austrália. Porém, já havíamos pensado em assistir uma missa para conhecer um pouco sobre a principal religião do Quênia.
Neste domingo, acordamos bem cedo e ao chegar à igreja, fiquei impressionada! Há 03 tendas enormes – uma somente para adultos, uma para adolescentes e outra para as crianças. Os quenianos se produzem para o que vou chamar aqui de “mega evento” e na entrada, havia muitos carrões importados. Apesar de tanta pobreza e tanto lixo nas ruas, o local é limpo, agradável e bem frequentado. Um verdadeiro contraste com a realidade queniana.
http://www.nairobichapel.org/
A missa durou 02 horas, sendo que na primeira hora uma banda muito animada cantou e dançou música gospel. A tenda é tão grande, que há inclusive um telão. Em seguida, um pastor ministrou o assunto do dia. Hoje ele falou sobre o poder negativo que o dinheiro pode exercer nas pessoas. Não vou negar que foi bem interessante e as duas horas passaram voando.
Saindo da igreja, fomos almoçar na casa dos parentes de “nossa família”. Fomos muito bem recebidas. Além de uma variedade de alimentos, nos serviram feijão preto, considerado uma comida especial para receber visitas. Foi uma tarde agradável, com muito chá preto com leite e muito bate papo. E não se engane, por mais humilde que um queniano possa parecer, eles são extremamente inteligentes.
Almoço com família queniana



sábado, 25 de agosto de 2012

Clima - Quênia

No Quênia não há estações do ano muito bem definidas, ou faz frio ou faz calor. Julho é o único mês que faz muito frio, mas em geral, o clima é estável. Normalmente os dias são nublados e abafados, com uma brisa mais gelada à noite e na parte da manhã. A maior parte do ano o clima é seco, sendo que há temporadas de longas chuvas entre Março e Maio, e final de Setembro e Outubro. No momento é inverno, mas tem feito bastante calor. Os africanos são conservadores, portanto, mesmo em dias quentes, use sempre calça ou saia longa e camiseta.


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Línguas Oficiais - Quênia

A maioria dos quenianos falam 03 línguas: kisawhili, inglês e a língua de sua tribo. No Quênia há aproximadamente 40 tribos, cada uma com sua língua oficial e suas particularidades.

Abaixo, alguns cumprimentos, que parecem difíceis ao ler, mas muito fáceis de pronunciar:

Oi, como vai você? - Habari yako (pronuncia-se “rabári iáko”)
Oi, como vão vocês? Habari zenu
Eu estou bem - Mzuri sana (“mizuri çana”) ou somente Mzuri
Ok / Tudo bem – Sawa Sawa (“saua saua”)
Sim – Ndio (“nidio”)
Não – Hapana
Bom dia – Habari ya asubuhi (“rabári iasuburri”)
Boa noite – Lala Salama
Muito obrigada (o) – Asante sana ou somente Asante
De nada – Karibu sana
Tchau – Kwaheri (pronuncia-se “quarréri”)
Por favor – Tafhadali (“tavadali”)
Desculpe – Pole
Eu quero – Nataka (ex: nataka coke = eu quero uma coca-cola)
Mzungu (pronuncia-se “mizungu”) – branquelo (a)

Os quenianos parecem muito desconfiados e de cara fechada, ainda mais quando vêem um “mzungu”. Porém, basta dizer “habari yako” e eles abrirão o maior sorriso e tentarão puxar assunto. Aliás, eles adoram bater papo, eles esquecem do tempo e podem ficar horas conversando! Mas a palavra mágica aqui é BRASIL! É falar essa palavra, que todas as portas se abrem! É impressionante como amam nosso país, mas sobretudo, nossos jogadores de futebol. Eles conhecem e falam o nome de um a um!


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Moeda - Quênia

A moeda corrente no Quênia é o Shilling, onde U$ 1.00 equivale a aproximadamente KSHS 84.00 shillings no momento. Os animais são tão atrativos neste país, que em suas cédulas, estão estampados os big five, considerados os cinco animais mais difíceis e perigosos de serem caçados antigamente: leão, leopardo, búfalo, elefante e rinoceronte. Atualmente é ilegal caçar qualquer animal selvagem.

Depois da Tailândia, o Quênia é um dos lugares mais baratos que já visitei. Um belo e caro capuccino custa por volta de KSH 180.00, o equivalente a R$ 2,00 reais. Para almoçar em um restaurante sofisticado no centro de Nairobi, gasta-se na faixa de KSH 2,000.00, ou seja, U$ 24 dólares. Já no bairro onde estou morando, tenho gasto a bagatela de KSH 100 a no máximo 150 shillings, pouco menos de R$ 5,00 reais, por uma refeição composta de arroz, feijão, acompanhado de algum tipo de verdura e legumes, uma vez que não tenho comido carne por aqui.

Por falar em dinheiro, economicamente, o Quênia é o país mais importante do leste africano, da mesma forma que a África do Sul é o mais importante da região sul e de toda a África. Encontra-se em uma posição estratégica, bem no meio do continente, próximo à Europa, Índia e China.

O Quênia foi colonizado pelos britânicos e tornou-se independente somente em 1963, tendo Jomo Kenyatta como seu primeiro presidente, o qual governou até sua morte, em 1978. Foi sucedido por seu vice, Daniel Arap Moi, um verdadeiro corrupto, que foi barrado de concorrer nas eleições de 2002. Desde então, o atual presidente se chama Mwai Kibaki. No entanto, o governo segue de forma corrupta e autoritária.

 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Safari - Lake Nakuru National Park & Lake Naivasha

O Lake Nakuru National Park é completamente diferente de Maasai Mara, pois além do lindo e imenso lago azul, um dos maiores do Quênia, o parque é totalmente arborizado. Maasai Mara tem uma beleza diferente, é mais seco e desértico, havendo poucas árvores, que aliás, são os esconderijos preferidos dos felinos.

Lake Nakuru National Park
Logo na entrada cruzamos com várias famílias de babuínos. Os filhotes são muito graciosos e brincalhões. A propósito, apenas como curiosidade, os macacos são os únicos animais que cruzam por prazer!
Babuínos
Aqui vimos grande parte dos animais que já havíamos visto no Maasai Mara, com exceção de elefantes. Se eles morassem aqui, destruiram o parque, pois comem muito e acabariam com todas as árvores rapidamente. Se não fosse comendo, as destruiriam se coçando, pois quando não têm nada para fazer, adoram se roçar nas árvores.

Também vimos belas girafas, que apesar de sua aparente fragilidade, podem matar um leão com um coice.
Girafas

Mas nosso principal objetivo era ver os rinocerontes. Nossos guias fizeram de tudo para vermos todos os animais em ambos os parques, no entanto, após horas procurando-os, estavam quase desistindo.

Neste parque há dois tipos de rinocerontes - white and black (branco e preto). Porém, o Black Rhino está em extinção devido às caças ilegais. Na verdade, ambos têm a mesma cor (acinzentados). A única diferença é que o White Rhino tem a boca grande e o Black Rhino tem a boca pequena.

Já a caminho da saída, finalmente pudemos avistar esses verdadeiros monstros. Eles são simplesmente gigantes e sobrevivem comendo apenas grama. Pesam em torno de 3000 Kg e infelizmente seu principal predator é o homem, que mata esses gigantes com uma única finalidade – arrancar seus chifres. Em época de acasalamento, eles cruzam de 2 a 3 vezes por dia, com duração de até 45 minutos. :-O

Rinocerontes (White Rhinos)
O chifre de um rinoceronte pode chegar a valer mais do que ouro no continente africano. Infelizmente, na África do Sul, alguns parques estão sendo obrigados a cortar os chifres dos rinocerontes assim que eles nascem, para evitar caçadas ilegais e por sua vez, a extinção dos mesmos.

O parque também conta com pequenos mas lindos bichinhos. São extremamente coloridos e precisamos ficar muito atentos para vê-los. É o caso deste lagarto chamado Agama. Por incrível que pareça este é o macho e tem essas cores para chamar a atenção das fêmeas, que por outro lado, são super sem graça e com uma cor acinzentada.

Agama lizard
Não poderia deixar de mencionar também que no parque há mais de 400 espécies de pássaros e o que mais me chamou a atenção foi o King Fisher. Ele é simplesmente minúsculo, mas extremamente colorido. Um dos passarinhos mais bonitos que já vi! Recebeu esse nome pois apesar de pequeno, tem um bico longo, para "pescar" pequenos peixinhos.

King fisher
Felizes por termos visto os rinocerontes, seguimos para a cidade de Naivasha, onde após tantas horas comendo poeira e chacoalhando em estradas de terra, finalmente pudemos relaxar em um prazeroso passeio de barco pelo Lake Naivasha.
Minha irmã e eu, no Lake Naivasha
Atravessamos o lago até chegar em uma ilha, também de mesmo nome – Crescent Island, onde fizemos um breve safari, mas dessa vez, à pé! Chegamos bem perto de zebras, girafas e wildebeest, um tipo de antílope com cara de mau, mas que foge quando nos aproximamos.
Eu e minha irmã, na ilha de Naivasha e wildebeests ao fundo
Mas a principal atração deste passeio são os hipopótamos! Neste lago há aproximadamente 2.600 desses enormes e preguiçosos animais. Se não estão dormindo à beira d’água, estão dentro da água se refrescando, onde conseguem ficar submersos por até 05 minutos. Apesar de enorme, seu estômago é do tamanho de uma bola de futebol. Só atacam e matam com abocanhadas se alguém passar por seu território demarcado.
Hipopótamo


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Um dia de safari perdido...

Após ver todos os animais no Maasai Mara National Park, partimos para o Lake Nakuru, o melhor parque para ver rinocerontes.
Neste mesmo parque, também é possível ver milhares e milhares de flamingos. Porém, não é temporada no momento. Portanto, infelizmente não presenciei o que aqui chamam de lago cor de rosa.
Este foi um dia totalmente perdido, só pegamos estrada. Chegamos na cidade de Nakuru no final da tarde e fomos direto para o hotel.

domingo, 19 de agosto de 2012

Safari - Maasai Mara National Park

Passamos o dia inteiro no Maasai Mara National Park, considerado um dos melhores parques para fazer safari no Quênia. Vimos literalmente todos os animais! A propósito, esta é a melhor época para visitar o parque, pois é inverno e os animais ficam mais ativos e não se escondem tanto. Porém, o calor estava intenso. Infelizmente, os quenianos destruiram a maior parte de suas florestas e o clima por aqui tem piorado com o passar dos anos.
Prepare-se para muita estrada de terra e muita poeira. Agora entendo porque as pessoas que fazem safari usam roupas de cor caqui. Roupas claras e até mesmo escuras ficam imundas, portanto, nada melhor do que uma roupa cor de poeira! Além disso, você terá que escolher entre sentir sede ou beber água e esperar por horas até parar em um banheiro.
Mas passar por tudo isso vale muito a pena! De acordo com os nossos guias, fazia tempo que eles não viam todos os animais em um só dia, especialmente os big five. Mal tenho palavras para descrever o quanto foi incrível ver esses animais selvagens tão de perto. Cada vez que eu via um ou até mesmo vários, eu ficava de queixo caído. Eles são simplesmente lindos e magnânimos. Não me cansava de admirá-los.

Vans 4x4 paradas provavelmente por terem avistado algum animal
Meu maior desejo era ver os felinos. Não é por menos que tenho um gato, sou apaixonada por esses bichanos, pela forma como são elegantes, pela forma estratégica e impiedosa que atacam suas presas e até mesmo pela forma dissimulada, rápida e inteligente como planejam um ataque.
Abaixo descreverei algumas das curiosidades que aprendi com nossos guias!
Leão
Um leão come aproximadamente 35 Kg de carne por dia, porém, não comem o intestino. São extremamente seletivos. Ao terminarem sua refeição, existe um tipo de hierarquia entre os animais que comem os restos deixados pelos leões. Em primeiro lugar são as hienas (foi o único animal que não vi durante o safari), seguido pelos vulchers, que são grandes pássaros, muito semelhantes aos urubus. Junto com eles, também comem as raposas e por último, as formigas, chamadas safari ants.

Vulchers comendo os restos de um wildebeest, caçado por um leão
Em época de acasalamento, eles cruzam aproximadamente 25 vezes por dia, porém, dura apenas entre 8 a 12 segundos. Um macho vive de 12 a 15 anos, sendo que a fêmea pode viver até 18 anos. Caso uma leoa engravide de outro macho, eles matarão os filhotes, os quais eles podem identificar através do cheiro.

Leoas
Não poderia deixar de mencionar os mais belos felinos, as Cheetas, que são também os mais animais mais velozes do mundo, podendo atingir uma velocidade de até 110 km/h. Foi emocionante ver um deles correndo atrás de uma presa. Infelizmente, eles sumiram no horizonte e não o vi o triste fim do filhote de gazela, mas posso imaginar o que aconteceu!

Cheeta
Maasai Mara National Park faz divisa com o Serengeti National Park, na Tanzânia. Na verdade, trata-se de um único parque, porém, dividido entre 02 países e que têm exatamente os mesmos animais.
Eu, nosso guia Mike e minha irmã na divisa entre Tanzânia e Kenya
Todo ano, aproximadamente 1.5 milhões de wildebeests, um tipo de antílope muito pacífico, migra de um parque para o outro, em busca de comida.  
Wildebeest
Animais com patas duras, como wildebeests, zebras e girafas comem apenas mato. Assim como os leões, as zebras também sentem o cheiro dos filhotes de outros machos, que por acaso tenham cruzado com as suas fêmeas. Porém, o macho penetra violentamente seu órgão genital na fêmea ainda grávida, para matar o filhote dentro dela. É impressionante como suas listras são perfeitas. 
Zebras
Paramos para fazer um picnic na beira do Mara River, de onde pudemos ver vários hipopótamos dormindo. Eles são enormes, pesando aproximadamente 2 toneladas. Porém, seu estômago é do tamanho de uma bola de futebol. Eles costumam se alimentar durante a noite toda, mas apenas de mato. Para se refrescar, permanecem submersos na água por horas, emergindo há cada 05 minutos, que é o tempo que conseguem ficar sem respirar debaixo da água.
Hipopótamos na beira do rio Mara River
Além de babuínos, também pudemos ver um outro tipo de macaco por aqui - Vervet Monkeys, os quais têm um detalhe muito curioso! Suas bolas são azuis, para chamar a atenção das fêmeas. A propósito, os macacos são os únicos animais que cruzam por diversão e prazer.  
Vervet monkey



sábado, 18 de agosto de 2012

Safari

Um dos motivos pelo qual eu escolhi o Quênia para trabalhar como voluntária foi também pelo fato de aqui ser o melhor lugar no continente africano para fazer safari. Portanto, eu e minha irmã unimos o útil ao agradável e finalmente realizei um dos meus grandes sonhos – fazer safari na África!
Atualmente, a palavra safari está associada aos tours  para ver animais selvagens em seu habitat natural. No entanto, em Kiswahili, safari significa jornada, viagem.
Antigamente os africanos faziam safari para caçar por prazer, o que se chamava big-game hunting. Alguns também caçavam para obter os chifres de rinocerontes e elefantes, para usá-los como ornamentos, jóias e até mesmo para fins medicinais.
A partir dos anos 60, caçar tornou-se proibido por lei, podendo um caçador ser sentenciado em mais de 10 anos de prisão.
Foi do nome big-game hunting que surgiram os big five, que são os cinco grandes animais mais difíceis e perigosos de se caçar: leão, leopardo, búfalo, elefante e rinoceronte.
Os parques mais procurados para fazer safari são o Maasai Mara e o Lake Nakuru National Park. Ambos localizados há aproximadamente 300 km do centro de Nairobi. As condições precárias das estradas tornam a viagem um pouco mais longa do que deveria ser.
Fiz um tour  através de guias freelancers, portanto, não tenho uma agência de turismo para indicar aqui no blog. Nossos guias foram recomendados pela ONG para a qual estou trabalhando. De qualquer forma, deixo aqui seus telefones: Mike (0702-848-318) e Jackson (0724-624-134). Eles são divertidíssimos, estão no ramo há 08 anos e sabem muito sobre os animais e como procurá-los! Paguei U$ 500 dólares por 04 dias de safari, incluindo hospedagem e alimentação.
Roteiro
Sábado - 18/08/2012
Deixamos o centro de Nairobi às 09h. No meio do caminho, ainda na estrada, paramos em um mirante para admirar o maior vale do mundo, chamado Great Rift Valley, o qual começa na Síria e termina em Moçambique.
Paramos para almoçar em um restaurante na cidade de Narok. Em qualquer lugar que você pare, há muito comércio de artigos africanos e os vendedores são extremamente irritantes e pegajosos. Alguns podem até mesmo se tornar bem agressivos caso você entre em uma loja e não compre nada.
Chegamos em nosso acampamento no final da tarde. Deixamos nossas malas em nossos quartos e em 15 minutos estavamos no Maasai Mara National Park. Só serviu para abrir nosso apetite, pois o parque fecha às 19h.
O Manyatta Camp Lodge é uma hospedagem bem aconchegante. Há um restaurante central e ao redor, várias tendas permanentes com banheiro, chuveiro e água quente! Por volta das 22h30 desligam o gerador e mais nada funciona. O céu estrelado é de tirar o fôlego!
Tenda permanente


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Overcomers Centre for Orphans - Primeiro dia de trabalho voluntário no Quênia

Na África do Sul eu e minha irmã trabalhamos como voluntárias em uma creche, no meio de uma favela até que limpa e bem organizada. Achei que tinha visto a pobreza de perto, mas nada se compara ao que tenho visto aqui no Quênia.
Estamos trabalhando em um orfanato chamado Overcomers Centre for Orphans, na favela de Bagladesh, há 10 km do centro de Nairobi. Lá vivem 22 crianças e adolescentes, sendo 19 meninos e 03 meninas, entre 04 e 16 anos de idade. Porém, o orfanato atende aproximadamente 120 crianças no total, pois o mesmo também funciona como escola.
O orfanato é dirigido por um Pastor e sua esposa, Simon e Eunice, que têm feito o máximo para ajudar essas crianças, dentre as quais muitas foram abandonadas de forma trágica ou tiveram que abandonar seus lares por causa de maus tratos.
A situação é precária. Eles dependem de doações, portanto, muitas vezes falta comida. Em alguns dias, a única refeição que eles têm, é o jantar. Normalmente comem apenas ugali e sucuma (couve).
Há 01 dormitório com 04 beliches para os meninos, sendo que alguns deles precisam dormir juntos, pois não há camas para todos, e 01 dormitório para as meninas, com 02 beliches. Há apenas 01 banheiro, mas não há água para dar descarga. E as salas de aula não têm piso, é tudo de terra.

O Pastor compra água há cada 03 meses, que fica armazenada em um barril gigante. É dessa água que as crianças bebem, tomam banho de bacia, preparam a comida, lavam a louça e suas roupas. Elas são extremamente responsáveis e já aprendem a fazer todas as tarefas desde cedo. Todos eles são adoráveis e por incrível que pareça, nunca brigam. Muito pelo contrário, cuidam um dos outros. É bonito ver como conseguem sorrir e ser felizes, mesmo com tanto sofrimento. 
Crianças lavando louça na cozinha do orfanato
No momento eles estão de férias, então por enquanto só conhemos as crianças que moram lá. As aulas começarão no dia 03/09. Neste período temos ensinado a eles alguns jogos educativos, como palavras cruzadas, caça-palavras e dobraduras.

Também demos uma aula de história sobre o Brasil. As crianças se demonstraram super interessadas e têm ótima memória. Ao final da aula fizemos várias perguntas e todos responderam corretamente. 

Além disso, também ensinamos algumas brincadeiras como queimada, dança da cadeira e batata-quente. Eles são incansáveis. Basta ensinar qualquer coisa uma vez e eles querem brincar o dia inteiro!
Jogando queimada com as crianças
Dança da cadeira
Jogando Banco Imobiliário
Nunca convivi de perto com uma relidade tão distante da minha e faço questão de contar ao menos uma dentre tantas histórias tristes que ouvi sobre as crianças. Uma das meninas fugiu de casa e procurou abrigo no orfanato por ter sido violentada sexualmente por 03 homens que foram em sua casa comprar bebida alcoólica. A mãe é alcoólatra e vende bebidas em casa. Ela viu tudo e não ajudou a filha que gritava por socorro. Alegou estar bêbada. A menina tem 12 anos e foi infectada com HIV. Os 03 homens continuam soltos. Ela foi transferida para outro orfanato, onde receberá o tratamento necessário, uma vez que este não tem como prover medicamentos.
Mesmo com todas as dificultades e com a falta de recursos, como material escolar, giz, mesas e cadeiras, tem sido muito recompensador trabalhar com essas crianças e adolescentes. Tudo que eles precisam é de carinho e atenção.
Joana bricando de bambolê com um pneu de bicicleta
Essa é a Joana, uma das crianças mais doces e carinhosas que já conheci. Se eu pudesse, eu a adotava. Após a gravidez, a mãe dela ficou desequilibrada e a abandonou. Um sorriso como esse é extremamente gratificante! :-)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Alimentação - Nairobi, Quênia

Diferentemente da África do Sul, onde a ONG providenciava nossa alimentação, aqui é a família que cozinha para nós. Portanto, temos que ir no andar de cima todos os dias para o café da manhã e jantar. Como trabalharemos das 09 às 15h, almoçaremos no local ou em restaurantes próximos.
Convivendo com uma típica família queniana, temos experimentado todas as comidas tradicionais, que engloba muito feijão com milho (guitheri), lentilhas (ndengu), couve (sukuma), chapati (similar ao pão sírio, porém mais escuro e tostado), mas sobretudo, o famoso ugali, alimento que enche a barriga, mas não nutre, porém, as crianças começam a comer desde cedo.
O ugali tem uma consistência parecida com a nossa famosa polenta mole. O mesmo também é feito de milho, porém é branco, pois o milho aqui é esbranquiçado. Ao meu ver, sinceramente, não tem gosto de nada, mas fica melhorzinho quando misturado com feijão e couve, que são normalmente os acompanhamentos. Antigamente era comum comer ugali com as mãos, amassando-o até obter o formato de uma bolinha. O pastor com o qual vivemos ainda come com as mãos, mas não sua esposa e filhos. Porém, aqui come-se com colher. O mais difícil foi comer spaghetti com colher!
Se você visitar uma família queniana, certamente te servirão feijão com milho ou ervilhas, comidas consideradas super especiais para visitas.
Até o momento, o que comi de mais diferente foi o matoke, que nada mais é do que banana verde cozida com molho de tomate. Se não me falassem que era banana, eu acharia que era batata!
A carne mais procurada é a de cabra. Eles compram a cabra viva no supermercado e a matam em casa. Também comem coelhos e em algumas partes do Quênia, comem até mesmo macacos. Não como carne vermelha, somente peixe e frango, mas aqui me tornei vegetariana radical. Os açougues são simplesmente deploráveis e cheios de moscas, uma vez que não há ar condicionado.
Açougue
Por terem sido colonizados por britânicos, os quenianos têm costume de tomar chá preto com leite no café da manhã e após as refeições. No começo fiquei preocupada com o leite, pois nossa família só compra leite “tirado direto da vaca”, mas sempre fervem antes de nos servir. Nunca fui fã de chá, mas me adaptei facilmente e devo confessar que agora estou até apreciando. E por falar em chá, o Quênia é um grande produtor e exportador de chá preto.

Hospedagem - Nairobi, Quênia

Estou morando há pouco mais de 10 Km do centro, na casa de uma família cristã, em um bairro chamado Rongai, onde moram aproximadamente 500 mil pessoas.
A região parece meio rural, pois as ruas são de terra e tudo parece distante do centro, mas após andar por outros bairros, percebi que assim é Nairobi, com exceção do centro da cidade.
De carro até o centro, leva-se em torno de 30 minutos sem trânsito. Porém, o trânsito nessa região é pesado! O congestionamento é causado pelo enorme número de matatus (vans), o principal e praticamente único meio de transporte.
Além disso, a única avenida que dá acesso ao bairro de Rongai está sendo recapeada, aumentando o tempo de chegada ao centro para aproximadamente 02 horas, seja se carro ou de matatu. Sendo necessário pegar 03 matatus para chegar ao centro.
A família com a qual estamos morando é formada pelo Pastor Wangure, sua esposa Margareth e seus filhos Violet, de 15 anos e Vincent, de 12 anos. Ambos estudam em colégio interno, só vindo para casa nas férias. O Pastor é extremamente inteligente e tem nos enchido de cultura. Toda a família é muito agradável, mas devo dizer que o pastor fala um pouquinho além da conta. Mas não é por menos, afinal ele é um palestrante!
Margareth, Vincent, Pastor Wangure, eu e Violet
É visível a hierarquia nas famílias. O filho mais novo ajuda a mãe em tudo, colocando a comida na mesa, recolhendo os pratos de quem já comeu e por fim lavando a louça. Aos 06 anos, Vincent já sabia cozinhar. Quando ele não está em casa, sobra para a irmã. Pelo fato da Margareth trabalhar até muito tarde, normalmente, a Violet é quem cozinha.
O Pastor já não prega mais. Atualmente ele dá palestras de auto-ajuda e motivação e ocasionalmente, faz aconselhamentos antes de noivos se casarem. Enquanto a esposa trabalha em um banco que faz empréstimos apenas para mulheres, percebe-se claramente que ele cuida muito bem da casa e de todos os outros afazeres. Quando os filhos não estão em casa, é ele quem cozinha. 
A casa é grande e tem dois andares. A família mora no andar de cima e os voluntários, no andar de baixo. No momento, estamos eu e minha irmã em um quarto e há mais uma voluntária em outro quarto, chamada Rhonda, uma australiana na faixa de seus 60 anos de idade. Que aliás, é muito corajosa por estar fazendo sozinha uma viagem difícil como essa.

Os quartos são confortáveis, mas temos que usar mosquiteiros para dormir. Mesmo tomando antibiótico diariamente para prevenir a malária, esses remédios não são 100% eficazes e muitos voluntários contrairam malária mesmo tomando os comprimidos.

Em todos os lugares que eu e minha irmã vamos, sempre arranjamos um bichinho de estimação. Em SP, tenho meu adorável gato persa, o Shiva. Na África do Sul, tinhamos um cachorrinho chamado Jonty. E aqui no Quênia, temos um coelhinho. Infelizmente ele não tem nome e brevemente se tornará comida para a nossa família queniana. Espero não estar aqui quando isso acontecer! Ele está preso há 02 anos em uma jaulinha com pouco espaço. Eu e minha irmã temos alimentado-o diariamente com cenouras e bananas. Ao menos, estamos dando a ele seus últimos dias felizes.


Apesar de toda a pobreza e sujeira nas ruas, estou adorando o bairro, a casa e a família. O único problema é a falta de água. Aqui temos que tomar banho com uma bacia e economizar água de todas as formas possíveis. Mas este assunto merece um post específico, onde contarei detalhamente como tenho sobrevivido sem água, ou melhor, com aproximadamente 04 litros de água por dia para tomar banho, lavar minhas roupas e meu cabelo!

Dia de orientação com a ONG Network for Voluntary Services (NVS)

Ao contrário da Dreams to Reality Foundation, na África do Sul, a NVS já se mostrou extremamente organizada desde nossa primeira troca de emails. Mas não é por menos, eles estão trabalhando no ramo há pouco mais de 10 anos, sendo que a DTR não tinha nem 02 anos.
No dia da orientação nos levaram para um prédio onde havia um auditório. Lá nos entregaram uma apostila detalhadíssima, com mapas, telefones de todos os funcionários, tours  e seus respectivos preços e inclusive uma demonstração de quanto devemos pagar em alimentos e meio de transporte para que não sejamos “explorados (as)”.

Primeiramente toda a equipe nos recebeu cantando uma música do filme Rei Leão, chamada Hakuna Matata, que quer dizer “ Está tudo muito bem”.
Através de uma apresentação em power point, nos deram todas as informações possíveis. Nos falaram sobre a cultura, seus costumes, sobre as tribos e suas diferentes línguas, sobre os países que fazem fronteira com o Quênia (Somália, Etiópia, Sudão, Uganda e Tanzânia), sobre política e sobre seu presidente. Também nos explicaram como os assaltantes costumam agir, para que fiquemos atentos e principalmente sobre como devemos agir ao morar com uma família queniana.
A equipe é formada por aproximadamente 10 pessoas e cada um se apresentou e falou sobre sua função. E por fim, trouxeram todos os responsáveis por agências de turismo, para que nos explicassem sobre os tours  e nos informassem sobre os preços.
A orientação durou quase meio dia. Paramos apenas para tomar um café na parte da manhã e para almoçarmos.
Ao final da tarde, nos levaram para nossas acomodações e nos explicaram que o dono da casa seria responsável por nos levar para o nosso local de trabalho no dia seguinte e nos apresentar aos dirigentes do orfanato, que por sua vez, nos dariam instruções de como poderíamos ajudar. Tudo extremamente bem organizado.
Estou adorando a equipe e todos os projetos desenvolvidos pela NVS. Se você pensa em vir ao Quênia para fazer trabalho voluntário, eu realmente os recomendo! http://nevos.org/

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Quênia - Um verdadeiro choque cultural!

Não importa o quanto você se informe, o quanto pesquise, o quanto leia, a verdade é que nunca estamos preparados para nada! Eu já esperava ver muita pobreza no Quênia, mas assim que cheguei, foi um verdadeiro choque!
À parte do centro, apenas as avenidas principais de acesso a outros bairros são asfaltadas e ainda assim, super esburacadas, sujas e empoeiradas. Não há calçadas e quando há, são de terra. Para piorar a situação, há muitos automóveis velhos poluindo ainda mais o ar com fumaça preta. Estou literamente comendo poeira. Roupa branca nem pensar!
Além disso, não há faixas de pedestres e nem faróis. Na verdade, até há, mas somente no centro, sendo possível contá-los nos dedos. Nas estradas de 02 mãos, os motoristas ultrapassam e fecham o trânsito de ambos os lados. Ninguém respeita ninguém. Quase não respeitam nem mesmo os policiais.

60% da população é extremamente pobre, muitas famílias vivem com aproximadamente U$ 2.00 por dia. Não se vê brancos nas ruas, portanto, eu e minha irmã somos o centro das atenções. Menos de 1% da população é branca, descendentes de britânicos, os quais colonizaram o país. Essa pequena porcentagem de brancos tem muito dinheiro e controla 70% da economia.
Atualmente também é possível ver muitos chineses no Quênia, os quais têm vindo para cá para construir rodovias. No momento, há apenas uma rodovia pronta, com 50 km de estrada, construída em 02 anos, mas que colaborou muito para melhorar o trânsito caótico de Nairobi. Os chineses só foram aceitos pelos africanos, por aceitarem a contratação de 70% de quenianos com o propósito de ensiná-los a construir rodovias.
Thika Superhighway
O principal e praticamente único meio de transporte são as vans, que aqui se chamam matatus (no Brasil chamamos de “lotação”). Todas caindo aos pedaços, mas sempre com uma decoração interna extravagante e o som “bombando” no último volume. Existem poucos ônibus e são extremamente coloridos por dentro e por fora. Todos dirigem feito loucos e competem pelos clientes. Os “cobradores” praticamente nos arrastam pelo braço para dentro das vans. Uma vez dentro, só nos resta rezar para sobrevivermos!

Terminal de ônibus e matatus
Há muito comércio informal nas ruas. Barracas e mais barracas em cada esquina, principalmente de frutas e legumes.  Há lojas vendendo de tudo, mas o mais esquisito que vi até o momento, foram lápides expostas nas calçadas. Há também muitas lojas de móveis, especialmente de camas e sofás. Até mesmo os lojistas expõem seus produtos nas ruas empoeiradas.

Feira de frutas e legumes à direita


Lápides
Placas e mais placas causam uma verdadeira poluição visual.

Letreiros e placas de lojas

Placas de rua
Também há muitos trabalhos primitivos no Quênia, mas o que mais me chocou foi ver homens e mulheres trabalhando em pedreiras próximas a rodovias, sentados no chão, quebrando as pedras com martelo. Esses terrenos são privados e os donos pagam a seus funcionários uma bagatela de aproximadamente KSHS 300 shillings por dia (US$ 3.00 dólares) por um trabalho tão árduo.


Até o momento passei por 03 cidades (Maasai Land, Nakuru e Naivasha), das quais falarei em futuros posts e são todas muito parecidas – pobres, inacabadas e com muita sujeira nas ruas! Infelizmente não há cestos de lixo, portanto, as pessoas jogam tudo no chão. 


Em meio ao lixo, há muitas cabras, cachorros, vacas e principalmente burros, que são usados para puxar carroças pesadíssimas. Cavalos são muito caros, custando aproximadamente KSHS 85.000,00 shillings (U$ 1 mil dólares), sendo que burros custam por volta de KSHS 8.500,00 shillings (U$ 100 dólares).

Falta água em grande parte da cidade, ou melhor, do país. Já estou ciente de que tomarei “banho de gato” enquanto estiver no Quênia. Claro que se você ficar em um hotel, não passará por isso, pois eles têm dinheiro para comprar água. Na casa onde estou morando há grandes caixas d’água, que são abastecidas todos os sábados, mas muitas vezes só recebem água pela metade. A falta de água gera falta de higiene, que por sua vez gera doenças.
E por falar em doenças, a AIDS é outro problema seríssimo, não só aqui, como em todo o continente. No Quênia há aproximadamente 40 milhões de pessoas. Em Nairobi, quase 04 milhões. Sendo que quase 10% de toda a população tem AIDS. Porém, por incrível que pareça, mais pessoas morrem de malária no Quênia, do que de AIDS.
Ser gay na África é ilegal, com exceção da África do Sul, o país mais desenvolvido do continente. Em outros países eles são banidos, alguns até mesmo presos. E se são descobertos, serão discriminados pela vizinhança, tendo que mudar de bairro.
Nunca visitei um lugar com tanta pobreza e com tanto lixo por todas as partes, mas que por outro lado, tem tantas belezas naturais, como os parques nacionais que ficam há poucas horas do centro da cidade e onde é possível fazer os melhores safaris do mundo!
Enfim, esse post foi apenas uma introdução ao Quênia. Talvez eu tenha sido até meio confusa, pois há muita informação. Aos poucos descreverei cada assunto mais detalhadamente. Mas finalizo dizendo que, mesmo com tanta pobreza, estou muito feliz por estar aqui e poder ajudar esse povo tão sofrido, mas tão hospitaleiro.