sábado, 15 de setembro de 2012

Celebração do Dote (Dowry)

Além da Índia, no Quênia também há a celebração do dote (o que eles chamam de Dowry). Porém, na África, o homem é quem faz a oferenda à família da mulher. Trata-se de um ritual muito tradicional e ao contrário do que muitos pensam, o noivo não está “pagando” pela noiva, mas sim oferecendo um presente aos seus pais.
O dote pode ser pago através de vacas, cabras e até mesmo parte em dinheiro. Dinheiro este oferecido pelos convidados, assim que chegam ao local da comemoração.
Se pararmos para pensar, o sistema no Brasil não é muito diferente, pois os noivos podem tanto dividir os custos, como a família que tiver mais dinheiro, pode pagar por todo o casamento.  Os convidados não só dão presentes, como também oferecem dinheiro quando passam a famosa “gravata”.
Eu e minha irmã fomos convidadas por nossa “mãe” queniana, para celebrar o dote que seu irmão ofereceria à família de sua esposa, após 16 anos de casamento. Aqui no Quênia, o dote é feito pelo resto de suas vidas. Não há data certa, sendo que o noivo decide quando e como fazer a oferenda do dote.
Minha irmã, a noiva Hanna e eu
Para variar, chegamos ao local em uma matatu (como os africanos chamam as vans) caindo aos pedaços e lotada, não somente com pessoas, mas com espigas de milho e refrigerantes, que seriam oferecidos como parte do dote.
O que mais me intriga na cultura africana, é que as mulheres é quem carregam tudo. Elas são tão fortes quanto um touro e estão acostumadas a carregar peso desde a infância. A caminho da casa da família da noiva, elas formam uma fila e vão cantando belas canções de oferendas.

Durante a celebração, a comida é extremamente farta. Eles servem especialmente feijão preto, mukimo (purê de batata com ervilha e milho), Kachumbari (muito semelhante com nosso vinagrete), batata cozida, repolho e cenoura refogados, além de chapatti, um tipo de pão sírio.

A família da noiva serve os convidados e eu fiquei assustada com a quantidade de comida. Não consegui comer nem a metade!


Mas toda essa comida é apenas a entrada, pois o prato principal é a carna de cabra, a qual a família mata e prepara um dia antes da comemoração. Todos comem com as mãos ou com colheres, nunca usam garfo e faca. Todos se perguntavam porque eu e minha irmã não estávamos comendo a comida mais cara e mais deliciosa da celebração. Não adiantava explicar que somos vegetarianas! J
Após a “comilança”, alguns familiares e amigos foram convidados a fazer um discurso, inclusive eu e minha irmã, as únicas branquelas da festa. Também contaram com a presença da pequena Zora (nome este que significa “novo começo” em Kiswahili, língua dos quenianos), de um aninho e meio. Uma das crianças mais doces e inteligentes que já conheci e melhor ainda, não tinha nada de mimada.
Zora
Apesar de ter sido uma celebração simples, foi muito farta e muito alegre!

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