Kibera é a 2ª maior favela do continente africano e do mundo, com aproximadamente 1 milhão de pessoas vivendo em condições precárias, sobretudo com a falta de saneamento básico. Em 1º lugar, vem a favela de Soweto, em Johannesburg, na África do Sul.
A NVS (Network for Voluntary Services), ONG para a qual estou trabalhando como voluntária aqui no Quênia, nos levou até Kibera para vermos os projetos que têm desenvolvido para ajudar a comunidade. Durante nossa visita, aproveitamos para levar comida para algumas famílias que não têm condições de se manter.
Algumas partes da favela são bem claustrofóbicas, com pequenos corredores, poças de água suja e muito lixo. Em virtude disso, o lugar cheira mal, há muitas moscas e claro, malária. Entretanto, as pessoas que vivem em áreas com alta incidêndia de malária acabam desenvolvendo certa imunidade à doença. Mas ainda assim, mais pessoas morrem de malária no Continente Africano, do que de AIDS. Acredite se quiser, mas 90% dos casos de malária no mundo ocorrem ao sul do Deserto do Saara.
Infelizmente, o governo não faz nada por esta favela, muito menos recolher o lixo. A explicação que nos deram é que o governo prioriza a alimentação, mas ainda assim, as pessoas não têm o que comer.
A solução que alguns moradores encontraram para tentar se livrar do lixo é fazendo fogueiras. Porém, a fumaça é extremamente tóxica, pois queimam principalmente sacolas e garrafas plásticas.
Visitamos 03 famílias que são praticamente mantidas pela NVS. A primeira família era formada por uma mãe solteira, 03 filhos e 01 neta, porém, ela sofreu um derrame e não pode mais trabalhar para sustentar a todos. A segunda família, por falta de instrução, uma das filhas fez sexo sem camisinha com um “amigo” e contraiu HIV aos 16 anos, logo na primeira vez. Mas o que mais me partiu o coração foi visitar um senhor de 74 anos, motorista de táxi aposentado, vivendo em um pequeno cômodo com chão de terra, sem janela e apenas uma cama de solteiro caindo aos pedaços. O cheiro era insuportável e é neste cubílo que ele passa os seus dias, feliz por ainda conseguir ler a bíblia, mesmo com ambos os olhos praticamente cobertos por cataratas.
Em seguida, fomos visitar uma escola para deficientes físicos e mentais, fundada e mantida por voluntários canadenses, que mesmo já tendo indo embora do Quênia, ainda mandam dinheiro para a NVS manter este projeto iniciado há menos de 02 meses. Antigamente essas crianças, cinco no total, ficavam em suas casas sozinhas, deprimidas, vegetando o dia inteiro, enquanto seus pais trabalhavam. Atualmente, elas contam com o apoio de uma professora e um motorista da ONG, que as buscam e as levam todos os dias para a escola.
E por último, visitamos uma escola de costura, também inaugurada recentemente por um voluntário, que comprou 03 máquinas de costura para que mulheres da favela possam aprender e desenvolver uma habilidade, para tentarem arranjar um emprego ou até mesmo trabalharem em suas casas. O aluguel e o pagamento da instrutora são pagos pela NVS.
Escola de costura |
Fiquei feliz por ver com meus próprios olhos, onde o dinheiro de todos nós, voluntários, é investido. A NVS é uma ONG que faz acontecer. Eles não só colocam a mão na massa, como permitem e até mesmo incentivam os voluntários a desenvolverem novos projetos.
Segurança da NVS, voluntárias Lia e Jody (irmãs australianas), James (funcionário da NVS), eu e minha irmã |
Website NVS: http://nevos.org/
Clau, lendo seus relatos nossos problemas do dia a dia parecem tão banais !!!!!
ResponderExcluirbjs e fica com Deus, Marcel
Oi meu amigo querido, fiquei super feliz com seu comentário! Fico mais feliz ainda que esteja acompanhando o blog! Nunca convivi com tanta pobreza. Nós reclamamos do Brasil, porém, nem se compara à África. Mas temos algo em comum...por mais que o povo aqui seja sofredor, eles lutam muito e nunca deixam a "peteca" cair!
ResponderExcluirBeijos e fica com Deus você também,
Clau