terça-feira, 14 de agosto de 2012

Quênia - Um verdadeiro choque cultural!

Não importa o quanto você se informe, o quanto pesquise, o quanto leia, a verdade é que nunca estamos preparados para nada! Eu já esperava ver muita pobreza no Quênia, mas assim que cheguei, foi um verdadeiro choque!
À parte do centro, apenas as avenidas principais de acesso a outros bairros são asfaltadas e ainda assim, super esburacadas, sujas e empoeiradas. Não há calçadas e quando há, são de terra. Para piorar a situação, há muitos automóveis velhos poluindo ainda mais o ar com fumaça preta. Estou literamente comendo poeira. Roupa branca nem pensar!
Além disso, não há faixas de pedestres e nem faróis. Na verdade, até há, mas somente no centro, sendo possível contá-los nos dedos. Nas estradas de 02 mãos, os motoristas ultrapassam e fecham o trânsito de ambos os lados. Ninguém respeita ninguém. Quase não respeitam nem mesmo os policiais.

60% da população é extremamente pobre, muitas famílias vivem com aproximadamente U$ 2.00 por dia. Não se vê brancos nas ruas, portanto, eu e minha irmã somos o centro das atenções. Menos de 1% da população é branca, descendentes de britânicos, os quais colonizaram o país. Essa pequena porcentagem de brancos tem muito dinheiro e controla 70% da economia.
Atualmente também é possível ver muitos chineses no Quênia, os quais têm vindo para cá para construir rodovias. No momento, há apenas uma rodovia pronta, com 50 km de estrada, construída em 02 anos, mas que colaborou muito para melhorar o trânsito caótico de Nairobi. Os chineses só foram aceitos pelos africanos, por aceitarem a contratação de 70% de quenianos com o propósito de ensiná-los a construir rodovias.
Thika Superhighway
O principal e praticamente único meio de transporte são as vans, que aqui se chamam matatus (no Brasil chamamos de “lotação”). Todas caindo aos pedaços, mas sempre com uma decoração interna extravagante e o som “bombando” no último volume. Existem poucos ônibus e são extremamente coloridos por dentro e por fora. Todos dirigem feito loucos e competem pelos clientes. Os “cobradores” praticamente nos arrastam pelo braço para dentro das vans. Uma vez dentro, só nos resta rezar para sobrevivermos!

Terminal de ônibus e matatus
Há muito comércio informal nas ruas. Barracas e mais barracas em cada esquina, principalmente de frutas e legumes.  Há lojas vendendo de tudo, mas o mais esquisito que vi até o momento, foram lápides expostas nas calçadas. Há também muitas lojas de móveis, especialmente de camas e sofás. Até mesmo os lojistas expõem seus produtos nas ruas empoeiradas.

Feira de frutas e legumes à direita


Lápides
Placas e mais placas causam uma verdadeira poluição visual.

Letreiros e placas de lojas

Placas de rua
Também há muitos trabalhos primitivos no Quênia, mas o que mais me chocou foi ver homens e mulheres trabalhando em pedreiras próximas a rodovias, sentados no chão, quebrando as pedras com martelo. Esses terrenos são privados e os donos pagam a seus funcionários uma bagatela de aproximadamente KSHS 300 shillings por dia (US$ 3.00 dólares) por um trabalho tão árduo.


Até o momento passei por 03 cidades (Maasai Land, Nakuru e Naivasha), das quais falarei em futuros posts e são todas muito parecidas – pobres, inacabadas e com muita sujeira nas ruas! Infelizmente não há cestos de lixo, portanto, as pessoas jogam tudo no chão. 


Em meio ao lixo, há muitas cabras, cachorros, vacas e principalmente burros, que são usados para puxar carroças pesadíssimas. Cavalos são muito caros, custando aproximadamente KSHS 85.000,00 shillings (U$ 1 mil dólares), sendo que burros custam por volta de KSHS 8.500,00 shillings (U$ 100 dólares).

Falta água em grande parte da cidade, ou melhor, do país. Já estou ciente de que tomarei “banho de gato” enquanto estiver no Quênia. Claro que se você ficar em um hotel, não passará por isso, pois eles têm dinheiro para comprar água. Na casa onde estou morando há grandes caixas d’água, que são abastecidas todos os sábados, mas muitas vezes só recebem água pela metade. A falta de água gera falta de higiene, que por sua vez gera doenças.
E por falar em doenças, a AIDS é outro problema seríssimo, não só aqui, como em todo o continente. No Quênia há aproximadamente 40 milhões de pessoas. Em Nairobi, quase 04 milhões. Sendo que quase 10% de toda a população tem AIDS. Porém, por incrível que pareça, mais pessoas morrem de malária no Quênia, do que de AIDS.
Ser gay na África é ilegal, com exceção da África do Sul, o país mais desenvolvido do continente. Em outros países eles são banidos, alguns até mesmo presos. E se são descobertos, serão discriminados pela vizinhança, tendo que mudar de bairro.
Nunca visitei um lugar com tanta pobreza e com tanto lixo por todas as partes, mas que por outro lado, tem tantas belezas naturais, como os parques nacionais que ficam há poucas horas do centro da cidade e onde é possível fazer os melhores safaris do mundo!
Enfim, esse post foi apenas uma introdução ao Quênia. Talvez eu tenha sido até meio confusa, pois há muita informação. Aos poucos descreverei cada assunto mais detalhadamente. Mas finalizo dizendo que, mesmo com tanta pobreza, estou muito feliz por estar aqui e poder ajudar esse povo tão sofrido, mas tão hospitaleiro.


2 comentários:

  1. Oi Dine,

    Legal que deu pra voltar a escrever! Adorei os últimos posts. Quarta sou eu quem embarco! Não pretendo ficar sem acessar a internet, mas se eu sumir, you know why!
    Happy b-day adiantado!

    Beijos com saudades

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  2. Oi So,

    Obrigada pela lembrança! Espero que consiga acessar a internet, assim podemos continuar nos falando! Caso contrário, sentirei saudade! Aproveito pra te desejar uma ótima viagem. Curta bastante e depois me conte todos os detalhes!

    Beijinhos,
    Dine

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