quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Mahalaxmi Ghat, lavanderia ao ar livre

Cansada(o) de lavar roupa mesmo contando com a comodidade de sua máquina de lavar? Talvez você mude de ideia ao saber que na Índia há milhares de pessoas que trabalham por mais de doze horas lavando roupas em tanques de cimento e a céu aberto.

Tive a oportunidade de conhecer um Dhobi Ghat em Mumbai, termo usado em toda a Índia para se referir a um lugar onde muitos “lavadores” trabalham juntos. Dhobi é também a denominação de uma casta, justamente a casta de pessoas que trabalham lavando roupas.

Atualmente há na Índia mais de três mil castas, que são divisões criadas pela sociedade através da hereditariedade. Ou seja, se você nasce em uma família que lava roupas, você será um “lavador” também. Se você nasce em uma família que possui uma confeitaria, você fará parte da casta de confeiteiros e assim por diante.

O Dhobi Ghat que visitei se chama Mahalaxmi Ghat, existente há cento e quarenta anos, em meio a contrastantes prédios modernos e favelas. 

Mahalaxmi Ghat, lavanderia ao ar livre
O local conta com setecentos tanques e aproximadamente cinco mil funcionários que se revezam trabalhando noite e dia para lavar as roupas principalmente de hotéis e hospitais.

Tanques para lavar roupa
Os “dhobis” costumam lavar quase 150 roupas diariamente, lucrando Rs 4 rúpias por peça, que ao final do dia totaliza em Rs 700 rúpias (US$ 14 dólares). O governo fornece a água, mas os produtos de limpeza ficam por conta dos “lavadores”. Sendo assim, o pouco que ganham em um dia, acaba se reduzindo ainda mais.

Dhobis estendendo as roupas
Para chegar ao local, basta pegar o trem e descer na própria estação Mahalaxmi. A melhor forma de ver a “lavanderia” é da ponte, logo na saída da estação. Por não saber que era tão fácil chegar ali, fui de táxi. O motorista nos deixou no meio da ponte, em um local que ele não deveria parar e onde nós não deveríamos descer.

Se prepare para ser “atacado” por vendedores indianos ambulantes, que ficam na ponte justamente à espera dos turistas. Eles também tentarão ganhar um trocado tentando bancar um guia. Aliás, todas as informações que obtive acima, me foram dadas por uma vendedora e moradora da região, que ganhou uma gorjeta merecida.

Outros tentarão te arrastar para andar pelo ghat, mas saiba que nada é de graça. Para entrar no local é necessário pagar. Não me recordo o valor agora, mas cobram caro! Se preferir, você pode pagar por um tour. Porém, não acho que valha a pena. Da ponte é possível ver tudo perfeitamente.

Koyla Ethnic Cuisine

À noite, para comemorar o “pós-Natal”, eu e minha irmã fomos jantar em um restaurante chamado Koyla, também a céu aberto, na cobertura de um prédio velho, que dá até medo de subir pelo elevador. Mas valeu muito a pena, pois o lugar é super charmoso e eu não poderia deixar de recomendá-lo.

Tendas de madeira com tecidos amarrados nas laterais, luminárias indianas e coloridas e chão de areia, dão ao restaurante um clima bem praiano e descontraído.

Eu e minha irmã no restaurante Koyla
E se ainda quiser indicação de um prato, eu recomendo o Malai Kofta, que são bolinhos vegetarianos recheados com queijo cottage com algum molho tipicamente indiano, cheio de deliciosas especiarias. Como acompanhamento, você pode até pedir arroz, mas estando na Índia, sugiro o chapati (similar ao pão sírio), para ir mergulhando no molho. O único inconveniente do restaurante é que não servem bebida alcoólica.





segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Elephanta Island, templos esculpidos em cavernas

Quem vai a Mumbai, não pode deixar de visitar Elephanta Island, uma ilha composta por sete cavernas impressionantes, onde templos foram escavados principalmente com estátuas de Shiva, entre os anos de 450 e 750 D.C.. Em 1987 se tornaram merecidamente patrimônio mundial reconhecido pela UNESCO.

A ilha fica há 10 km da cidade e para chegar lá é necessário pegar um ferry. Os barcos partem do Gateway of India a cada meia hora.  A viagem dura pouco mais de uma hora e custa Rs 130 rúpias (US$ 2,60 dólares).

Vista do barco, ao deixar o Gateway of India
A entrada para as cavernas custa Rs 250 rúpias (US$ 5 dólares) e há um serviço de guia gratuito. Como sempre, eu prefiro ter a liberdade de caminhar sozinha e me informar através do Lonely Planet ou pela internet sobre o lado histórico dos locais.

As cavernas são facilmente localizadas através de placas. Para chegar até elas, há uma longa escadaria abarrotada de barracas vendendo souvenirs, comércio este que colabora com a economia da pequena ilha, que conta com aproximadamente 1200 habitantes. Apenas um dia é suficiente para visitar as cavernas e não há acomodações no local.

Na ilha também há restaurantes, não sendo necessário levar comida, se assim preferir. Se levar, cuidado com os milhares de macacos que não perdem a oportunidade de roubar dos turistas o que quer que eles estejam comendo.

Macaco tomando sorvete
Inicialmente a ilha era chamada de Gharapuri, que significa justamente Cidade das Cavernas. Com a invasão dos portugueses, em 1534, foi nomeada Elephanta Island, uma vez que, quando ali chegaram, havia uma estátua de um elefante perto do vilarejo.

Na tentativa de levá-la para Portugal, acabaram jogando-a no mar, uma vez que suas embarcações não eram fortes o suficiente para transportá-la. Atualmente a estátua se encontra no jardim do Bhau Daji Lad Museum (também conhecido como Victoria & Albert Museum).

Estátua do elefante que pertencia à Elephanta Island, no jardim do Bhau Daji Lad Museum
A caverna principal, conhecida como Great Cave (Grande Caverna) ou Shiva Cave (Caverna do Shiva) é a maior e também a mais impressionante de todas. Pilares enormes sustentam sua entrada e seu interior.

Great Cave ou Shiva Cave, a maior e mais importante caverna de Elephanta Island
No interior da Great Cave ou Shiva Cave
Em todas as suas paredes há estátuas de Shiva, cada uma representando uma história diferente. A escultura mais importante de todas se chama Trimurti, imagem composta por três cabeças, que são os principais deuses do hinduísmo: Brahma - o Deus Criador, Vishnu – o Deus Conservador (preservador do universo) e Shiva – o Deus Destruidor ou Transformador. Observando que na tradição hindu, Shiva destrói para reconstruir, renovar, transformar.

Trimurti, escultura com as cabeças dos três principais deuses do hinduísmo
Entre todas as esculturas, a minha preferida é a chamada Gangadhara, com aproximadamente cinco metros de altura, e que representa Shiva e sua esposa Parvarti nas nuvens, rodeados por outras divindades, “regando-os” com flores.

Eu e minha irmã em frente à escultura Gangadhara
As outras cavernas parecem inacabadas e estão ainda mais corroídas pelo tempo, mas valem completamente a visita. Mesmo desgastadas, isso lhes confere ainda mais charme.

Mais uma das cavernas de Elephanta Island
Café Mondegar

Depois de um presente histórico como este, eu e minha irmã fomos comemorar a noite de Natal no Café Mondegar, um bar e restaurante badaladíssimo de Mumbai, onde indianos e turistas disputam por uma mesa no grito, logo na tão lotada entrada. O local é alegre, colorido e jovial. Além de servirem pratos deliciosos, é um dos poucos que servem bebida alcoólica. Recomendo!

Minha irmã segurando o presente que dei a ela no Natal, no Café Mondegar
Passar o Natal na Índia foi uma experiência de grande desprendimento. Por mais que os indianos celebrem o Natal, esta não é uma de suas datas mais importantes. Vê-se poucas luzes e decorações pelas ruas, o trânsito não se torna caótico e as lojas não ficam lotadas. Não vi sequer, um papai noel! 

Diferente dos Natais do Brasil, onde as pessoas ficam enlouquecidas para comprar presentes, gerando um consumismo desenfreado e o esquecimento do real motivo da comemoração desta data, os indianos agem como se fosse um dia como outro qualquer e à noite, celebram com a típica ceia de jantar. Devo confessar que foi ótimo não passar pelo estresse de SP nesta época.

A propósito...HO HO HO para todos vocês! :-D





domingo, 23 de dezembro de 2012

Mumbai, a cidade mais rica da Índia

Após descansar por uma semana nas belas praias de Goa, pegamos um ônibus a caminho da agitada Mumbai, capital do estado de Maharashtra. A viagem durou 12 horas e a passagem custou Rs 1,000.00 rúpias cada (US$ 20 dólares).

Mumbai, também conhecida como Bombay, é a cidade mais cara e mais rica da Índia. É também a mais populosa, com aproximadamente 20 milhões de habitantes e considerada a quarta maior cidade do mundo.

Como uma grande metrópole, Mumbai é também a cidade do entretenimento, com excelentes restaurantes, lojas de grife e de decoração, bares e casas noturnas. Além disso, comanda a indústria de cinema Bollywood. Para as estrangeiras, é possível até mesmo fazer umas aulas de dança particulares e participar como figurante nos famosos musicais indianos.

O bairro mais agitado de Mumbai é Colaba e também o mais caro. O atrativo da região é o mercado de rua da Colaba Causeway, onde é possível encontrar todos os tipos de produtos indianos. Como sempre, esteja mais do que preparada (o) para barganhar!

Arquitetura colonial

Em minha opinião, o diferencial da cidade está em sua arquitetura colonial da época do Império Britânico. As construções são belíssimas e impressionantes. No guia Lonely Planet, existe um roteiro que é possível fazer a pé, para ver os principais marcos da cidade.

Eu e minha irmã não nos damos muito bem com mapas (como qualquer mulher rs) e os indianos parecem não conhecer muito bem seus patrimônios para dar informações nas ruas. Enfim, após nos perdermos várias vezes, acabamos vendo tudo.

Começamos pelo Gateway of India, considerado um dos monumentos mais importantes de Mumbai. Apesar de conhecer apenas por fotos, é muito similar ao Arc de Triomphe, em Paris. Sua construção teve início em 1911, para comemorar a visita do Rei George V à cidade, tendo sido inaugurado somente em 1924. Naquela época, simbolizava poder e grandeza. Hoje é uma lembrança monumental do domínio dos britânicos sobre os indianos.

Gateway of India
Em frente ao Gateway of India, é impossível não notar a suntuosa arquitetura do hotel Taj Mahal Palace. Inaugurado em 1903, já recebeu convidados notáveis, desde presidentes como Barack Obama e Bill Clinton, artistas como Angelina Jolie e Brad Pitt, até cantores de rock como Mick Jagger e os integrantes do The Beatles.

As diárias começam em US$ 400 dólares, mas se preferir a suíte presidencial, pagará em torno de US$ 4 mil dólares. Não fique constrangido de dar uma voltinha por dentro do hotel, onde há restaurantes com preços acessíveis (a partir de Rs 1,000.00 rúpias/US$ 20 dólares) e lojas de grife.

Em 2008 o hotel sofreu um ataque terrorista, que destruiu parcialmente o edifício e matou 163 pessoas, tendo sido reinaugurado em 2010.

Taj Mahal Palace de frente para o Apollo Bunder Harbour
Em seguida visitamos a St. Thomas Cathedral, que a meu ver, não merece nem uma foto. Trata-se de uma igreja simples, por fora e por dentro. Foi inclusa no roteiro por ter sido a primeira igreja britânica de Mumbai, construída em 1718.

Ainda dentro do roteiro de igrejas, seguimos para a Keneseth Eliyahoo Synagogue, pouco mais interessante que a igreja acima. Foi difícil encontrá-la. A sinagora fica escondida na esquina de uma rua estreita e só a localizei devido à sua cor azul super chamativa.

O prédio está extremamente deteriorado por fora. Mas não é por menos, afinal foi construída em 1884. De qualquer forma, por dentro é bem charmosa. Não se assuste com os guardas armados no local. Estão lá para evitar conflitos religiosos. Não paga nada para entrar, mas é necessário pagar Rs 100 rúpias (US$ 2 dólares) se quiser tirar fotos.

O meu edifício histórico preferido é definitivamente o Chhatrapati Shivaji Terminus, mais conhecido como Victoria Terminus, terminal de trem onde foram gravadas várias cenas do filme Quem Quer Ser um Milionário.

Finalizado em 1884, atualmente é a estação de trem mais movimentada da Ásia. Sua arquitetura gótica é deslumbrante e chama a atenção de qualquer um que passa por ali. Não é por menos que se tornou um patrimônio mundial reconhecido pela UNESCO em 2004.

Victoria Terminus
Não deixe de dar uma olhadinha também na High Court, outra construção gótica de 1848. É permitido entrar no tribunal superior para admirá-lo por dentro. Mas devido ao grande movimento, preferi apenas passar em frente.

Há também o museu Chhatrapati Shivaji Maharaj Vastu Sangrahalaya, mais facilmente chamado de Prince of Wales Museum. Me contentei em admirar a maravilhosa arquitetura só por fora, pois estava acontecendo uma exposição de múmias, sarcófagos e estátuas do Egito, que eu já havia visto no Brasil. De qualquer forma, a entrada custa Rs 300 rúpias (US$ 6 dólares) e se quiser tirar fotos, adicionar mais Rs 200 rúpias (US$ 4 dólares).

E por fim, outra arquitetura que chama a atenção é a da University of Mumbai, uma das universidades mais antigas da Índia, construída em 1857. Está entre as três melhores do país.  No entanto, não é permitido visitá-la por dentro. Talvez porque estivessem em época de férias, não sei dizer ao certo.

À noite jantamos no agitadíssimo Leopold’s Café, um boteco existente desde 1871, com comidas deliciosas, mas que se tornou famoso devido ao também famoso livro Shantaram. Inspirado na própria vida do autor, que fugiu de uma prisão de segurança máxima na Austrália para morar nas favelas da Índia, o restaurante é mencionado no livro como um de seus favoritos. Chegue cedo, pois sempre há enormes filas de espera.




domingo, 16 de dezembro de 2012

Goa, as melhores praias da Índia

Com tanta diversidade cultural, eu realmente não fazia questão de visitar as praias da Índia. Mas como minha irmã adora praia e não é por menos que mora na Austrália, ela acabou me convencendo de que esta também poderia ser uma experiência diferente.

Pegamos um ônibus de Fort Kochi até Goa, viagem esta que durou 16 horas. Pagamos Rs 1,450.00 rúpias (US$ 29 dólares) por um sleeper bus (ônibus leito), obviamente esperando por poltronas que reclinassem ao máximo.

Por incrível que pareça, o ônibus possuía cabines com camas espaçosas e relativamente confortáveis, muito parecidas com os trens indianos. E para a privacidade dos turistas, cada cabine possui uma cortina.

Os colchões são revestidos com couro sintético. Não se esqueça de levar sleeping bag (saco de dormir) ou um lenço/pashmina para se cobrir. Até que não é tão difícil dormir com o ônibus em movimento. Para mim, o maior incômodo foi o ar condicionado, que ficou bem gelado durante a viagem. Opte pela upper bed (cama de cima) para que ninguém fique te incomodando ao subir ou descer da cama.

Não espere toilets. Mesmo com viagens tão longas, nenhum ônibus indiano possui banheiro. Portanto, minha dica é que evite tomar água. De qualquer forma, o motorista realiza paradas para almoço, jantar e até mesmo para um chai.

E quem diria que na Índia pudessem existir praias tão belas? Eu e minha irmã optamos pelo sul de Goa, onde há mais natureza, mais verde, mais montanhas. Mas se você quer agito e baladas, opte pelo norte.

Palolem Beach

Se quiser ambos - agito e natureza, você também encontrará isso ao sul de Goa, na praia de Palolem, com milhares de lojas indianas na rua principal da praia, bares, restaurantes e casas noturnas.

Lojinhas indianas na rua principal de Palolem
Passei um dia nesta praia. Além de lotada, barcos ocupam grande parte de suas areias, uma vez que dali partem passeios para ver golfinhos. Me surpreendeu saber que há golfinhos nas águas indianas ou, mais propriamente dito, Mar Arábico.

Palolem Beach
Se ainda assim você quiser fugir do agito na própria Palolem Beach, caminhando até o final da praia (à direita para quem olha para o mar), há uma mini praia onde é possível fazer nudismo, obviamente, só para estrangeiros.

Mais adiante, há um bar com um pequeno lounge todo feito de palha. Na verdade, trata-se de uma hospedagem com cinco cabanas de madeira, mas o dono gentilmente disponibiliza cadeiras de praia para os visitantes, que podem ir até lá apenas para tomar umas bebidas. 

O acesso é pelo mar e em algumas partes, a água chega à cintura. Portanto, antes de ir, verifique o horário de maré alta. De qualquer forma, se falar com o dono do local, ele pode providenciar um barco para levá-lo de volta à praia.

Lounge na ponta da praia de Palolem
Bar na ponta da praia de Palolem, ao lado do lounge acima
Agonda Beach

Por preferirmos praias desertas, optamos por Agonda Beach, a 15 minutos de carro de Palolem. Mesmo em alta temporada, a praia estava extremamente vazia. Na opinião dos moradores e comerciantes locais, os turistas debandaram devido ao suposto fim do mundo, que seria no dia 21/12/2012. Neste dia eu estava na praia, torcendo para que um tsunami não nos atingisse.

Ali ficamos por uma semana, assistindo a pores do sol incríveis, simplesmente todos os dias. Além disso, a praia é limpa, o mar é calmo e a temperatura da água não poderia ser mais adequada.

O belo encontro da lua e do sol
Pôr do sol em Agonda Beach
Da ponta esquerda da praia também saem barquinhos de pescadores, para ver golfinhos. Eu e minha irmã fomos com mais três amigos e cada um pagou Rs 250,00 rúpias (US$ 5 dólares) por uma hora de passeio. Não vá esperando um espetáculo com milhares de golfinhos. De qualquer forma, é sempre encantador vê-los pulando pela água, mesmo que brevemente.

E como não poderia deixar de ser, as vacas também frequentam as praias indianas e aos bandos! E não se engane, elas são consideradas sagradas, mas atacam.

Frequentadores das praias indianas
É difícil se locomover para as outras praias. Não há locadoras de automóveis. A moda por lá são as scooters, que você pode alugar por apenas Rs 200,00 rúpias por dia (US$ 4 dólares). Eu achei as estradas de acesso de uma praia para outra meio perigosas para ir de moto, além disso, os indianos dirigem como loucos. Há também a opção dos tradicionais tuk tuks e por fim, os táxis, que são um pouco mais caros.

As praias da Índia são bem rústicas. Mesmo em Palolem, as ruas não têm calçadas, as casas são humildes e não há hotéis caros e elegantes. Na verdade, há muitas guest houses (casas de família). Eu e minha irmã ficamos em uma dessas e pagamos Rs 600 rúpias por dia (US$ 12 dólares).

Também não há casas de praias. A moda nas praias indianas são as famosas cabanas de madeira. A melhor hospedagem de Agonda se chama Dunhill, com cabanas chiquérrimas de vidro, de frente para o mar, que custam na faixa de Rs 5 mil rúpias a diária (US$ 100 dólares).

Agonda Beach
Vá sabendo que a todo momento faltará luz, portanto, carregue sempre uma lanterna ao sair à noite. Na maioria das acomodações não há água quente e os restaurantes são simples, mas com comidas muito boas.

Cola Beach

Além de Palolem e Agonda, visitamos por um dia uma praia chamada Cola, também a 15 minutos de carro, de Agonda. Por sorte, fizemos amizade com um indiano que nos levou para todos esses lugares.

O charme desta praia é que suas areias são divididas em duas partes – de um lado o mar e do outro uma bela lagoa chamada Blue Lagoon, com cabanas ao redor.

De um lado a Blue Lagoon...
...do outro lado, o mar
Recomendo que vá em grupos e não somente em mulheres, pois infelizmente o número de estupros têm aumentado nas praias de Goa, principalmente em Cola Beach, onde a ociosidade faz com que os indianos se alcoolizem cada vez mais.





sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Backwaters, navegando pelas águas de Kerala em um kettuvallam

Uma das principais atrações turísticas de Kerala é navegar por seus lagos com mais de 900 km de extensão que serpenteiam suas cidades de norte a sul em um houseboat chamado kettuvallam, um tipo de “barco-casa” onde é possível até mesmo pernoitar.

Os barcos são construídos à mão, com técnicas antigas de carpinteiros e pescadores locais, utilizando-se madeira, bambu e fibra de côco. No passado, eram usados para transportar arroz e especiarias e chegavam a medir 100 metros de comprimento, com capacidade para até 30 toneladas.

Kettuvallam
As agências de turismo vendem três tipos de tours:

Passeio em pequeno barco a remo, com duração de aproximadamente 03 horas (na agência eles dizem que dura meio-dia), percorrendo por estreitos canais de onde é possível ver como as famílias de Kerala vivem. Custo: Rs 450,00 rúpias (US$ 7 dólares). Observando que este passeio é em um barquinho de madeira comum, não é no Kettuvalam!

Passeio de um dia inteiro, que começa em um barco pequeno e comum para navegarmos por estreitos canais e ver como as famílias de Kerala vivem.

Passeio em pequeno barco pelos estreitos canais de Kerala
São nessas águas que as mulheres lavam suas roupas, as crianças nadam para se refrescar e os homens transportam de tudo para trabalhar e sobreviver.

Indiana lavando roupa em frente à sua casa
Criança nadando em um dos estreitos canais de Kerala
Homens transportanto material de construção nas águas de Kerala
Por volta das 13 horas paramos em uma ilha para o tradicional almoço de Kerala, servido em folha de bananeira, com arroz, lentilha, legumes variados com diferentes mollhos e especiarias, acompanhado de papadam, um tipo de pão oco e crocante. Se não quiser comer de forma típica - com as mãos, sinta-se à vontade para pedir uma colher!

Almoço típico de Kerala
Após o almoço finalmente trocamos de barco e entramos no famoso kettuvallam, porém, para navegar por apenas uma hora, já que o barco é enorme, pesado e são necessários dois remadores. Custo: Rs 650 rúpias (US$ 13 dólares).

Eu e minha irmã dentro do Kettuvallam
Observando o remador, de dentro do barco
Eu e minha irmã escolhemos o passeio de um dia, uma vez que o terceiro tipo de tour é para pernoitar e um pouco mais caro (aproximadamente US$ 120 dólares). No entanto, este passeio não sai de Fort Kochi, sendo possível fazê-lo somente a partir da cidade de Alleppey.

Ao fechar seu tour, faça questão de ver uma foto do barco, uma vez que pode ser decepcionante chegar ao local esperando uma coisa e receber outra. Além disso, prefira barcos não motorizados, para colaborar com o meio ambiente, além de ser mais charmoso também.

Esteja ciente de que as agências venderão um tour com duração das 08 às 16 horas, no entanto, leva-se uma hora de carro para chegar ao ponto de partida do barco, uma hora para caminhar em uma vila e conhecer plantações de algumas especiarias indianas, uma hora de almoço e uma hora de retorno a Fort Kochi. Faça as contas e saberá por quanto tempo passeará de barco! ;-)




quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Munnar, a cidade do chá

Um dos motivos que me levou a Kerala foram as maravilhosas fotos que vi da cidade de Munnar, a cidade do chá, há 180 km de Kochi. Não que eu seja interessada nesta bebida, mesmo porque, no Brasil crescemos tomando café, mas as montanhas de Munnar são deslumbrantes, repletamente cobertas por plantações de chá, que mais parecem um imenso tapete com belos tons de verde.

Montanhas de Munnar cobertas por plantações de chá
Plantações de chá que mais parecem um belo tapete verde gigante
A maioria dos tours na Índia é muito mal organizada, por isso recomendo que faça tudo por si próprio. Foram raros os tours que fiz com a minha irmã e todos foram uma “roubada”. Os indianos acham que basta enfiar os turistas em um carro, levá-los para ver tudo em um único dia, parando apenas para tirar fotos e sem nenhuma explicação, para deixá-los satisfeitos.

Fechamos um tour de dois dias no valor de INR 2,500.00 rúpias (US$ 50 dólares), que incluía transporte, hospedagem e alimentação. Claro que entramos em mais uma roubada! Nos disseram que teríamos um guia, quando na verdade, ele era simplesmente um motorista de táxi, que não falava uma palavra em inglês.

Saímos de Fort Kochi às seis horas da manhã. A primeira parada foi na cidade de Kodanad, há 50 km de Kochi, no Elephant Training Camp, um parque onde é possível andar de elefante e se der sorte, vê-los sendo banhados em um lago. Eu e minha irmã não fizemos questão de fazer o passeio, mas tivemos que dar uma gorjeta para tirar uma foto com um deles, que fez até pose!

Eu e minha irmã com um elefante posando para a foto
Antes de seguir para Munnar, paramos em uma casa histórica de família para tomar um café da manhã típico de Kerala, que inclui um tipo de panqueca esbranquiçada e molhos condimentados e apimentados, que seriam mais adequados para um almoço e doces à base de côco, afinal, o que não falta em Kerala são coqueiros. Não posso deixar de mencionar que o motorista se perdeu para chegar a ambos os lugares acima!

No meio do caminho ele vai parando em cachoeiras sem água e plantações de especiarias, que em minha opinião, não valem a pena ser visitadas. Munnar também é famosa por suas orquídeas, então aceitamos parar em um jardim, que na verdade, estava mais para uma grande floricultura. Também não perca seu tempo.

Finalmente chegamos a Munnar por volta das duas horas da tarde, mortas de fome. O motorista não parou para almoçarmos, disse que não daria tempo e nos levou para um city tour. Ele parava, fotografávamos e seguíamos adiante, sem nenhuma explicação.

Dois belos lugares são a represa Mattupetty Dam, onde é possível fazer passeio de lancha e o Echo Point, um mirante que recebe este nome devido ao fenômeno de eco natural do local. Infelizmente não tentei gritar para saber o que aconteceria, mesmo porque, só fiquei sabendo do fenômeno ao me informar pela internet sobre os locais que visitei.

Mattupetty Dam, represa de Munnar
Echo Point
Ao final do dia ele nos deixou no hotel e foi dormir no carro. Antes disso, nos informou que retornaríamos para Kochi após o café da manhã. Claro que nos recusamos. Ligamos para a agência de turismo e dissemos que aquele passeio era uma vergonha! Dissemos também que no dia seguinte faríamos o que quiséssemos e o motorista teria que ficar à nossa disposição. Incrivelmente, aceitaram sem reclamar.

Tea Museum

No dia seguinte, definimos nosso roteiro com a ajuda do gerente do hotel, que acabou se tornando nosso guia. Logo cedo visitamos o Tea Museum, onde assistimos a um vídeo sobre a história do chá, sobre a cidade de Munnar e seu desenvolvimento a partir das plantações. Dentro do museu há também uma pequena fábrica, onde demonstram perfeitamente o processo da produção de diferentes tipos de chás, a partir de uma mesma planta. A entrada custa INR 85 rúpias (US$ 1,70 dólares) e a visita vale a pena!

Demonstração de produção de chá dentro do Tea Museum de Munnar
Em seguida, fomos ver o que realmente queríamos ver em Munnar – as plantações de chá! Não é permitido andar entre as plantações, mesmo porque, seria um caos se os turistas pudessem fazer isso. As plantações certamente seriam destruídas. Mas basta caminhar pelas ruas de Munnar para vê-las de perto, uma vez que as plantações chegam até as beiradas das ruas.

Caminhando pelas ruas de Munnar

Aproximadamente trinta mil pessoas trabalham nas plantações de Munnar, todas pertencentes ao governo. Governo este que concede casas a essas famílias, com água gratuita e desconto na eletricidade. Por outro lado, pagam a eles menos de US$ 4 dólares por dia pela colheita. Além disso, pelo menos uma pessoa de cada família deve trabalhar em uma das oito fábricas da cidade. Após vinte anos de trabalho, a família tem direito à casa.

Casas do governo, em meio às plantações, concedidas para colhedores de chá
Caminhando pelas ruas de Munnar é possível ver mulheres trabalhando na colheita. Isso se você der sorte de ir na época certa. Se quiser fotografá-las, tenha uns trocados em mãos!

Colhedora de chá
Os melhores chás são feitos a partir de novos brotos, portanto, a colheita é feita a cada duas semanas, cortando apenas o topo da árvore. A Índia é conhecida por produzir chás de altíssima qualidade e alguns podem chegar a custar milhares de dólares. Não é por menos que o chá de primeira qualidade é exportado.