segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz ano novo indiano!

O que seria de um Ano Novo na Índia, sem uma comemoração tipicamente indiana? Por sorte, eu e minha irmã fizemos amizade com alguns indianos que nos convidaram para uma festa na cobertura de um prédio em Bandra, um dos bairros mais descolados de Mumbai, com direito a DJ, comida e música indiana, além de muita dança “bollywoodiana”. 

Eu e minha irmã entre nossos amigos indianos
Meia-noite em Mumbai
Nossa última noite em Mumbai não poderia ter sido melhor!

Feliz Ano Novo!!! ;-)





sábado, 29 de dezembro de 2012

Museus e galerias de arte em Mumbai

Mumbai é a cidade que mais se ajustou à cultura ocidental, mesclando a Índia antiga ao mundo moderno. Cidade do agito, das atrações, dos eventos, dos restaurantes, dos bares, das casas noturnas, dos filmes “bollywoodianos” e das compras, Mumbai abriga também grandes peças de teatro, apresentações culturais e exposições.

Em qualquer parte do mundo, nunca deixo de visitar um museu ou ver uma exposição de artistas locais. Portanto, não poderia deixar de conhecer a história de mais esta cidade e escolhi a dedo os lugares abaixo.

Dr. Bhau Daji Lad Mumbai City Museum

Inaugurado durante o Império Britânico, em 1872, sob o nome de Victoria & Albert Museum, o museu mais antigo de Mumbai passou a se chamar Dr. Bhau Daji Lad Museum a partir de 1975, em homenagem ao homem que colaborou para o campo das artes indianas. Médico bem sucedido, tinha como hobby colecionar moedas raras e antigas da Índia, bem como estudar antiguidades, decifrar inscrições e analisar datas e histórias em sânscrito, de antigos autores.

O edifício segue o charmoso estilo Palladiano, do arquiteto italiano Andrea Palladio, que se baseava na arquitetura clássica Greco-romana. No jardim, ao lado direito do prédio, há uma estátua de elefante. Estátua esta que pertencia à Elephanta Island e sobre a qual mencionei em post anterior.

Edifício do Dr. Bhau Daji Lad Mumbai City Museum em estilo Palladiano
Entre 2003 e 2007, o museu e suas obras passaram por uma grande restauração, fazendo com que ganhassem um Prêmio de Excelência da UNESCO. Encontrava-se completamente abandonado e destruído pelo tempo, fato que pode ser assistido em vídeo transmitido em um das salas do próprio museu.

Uma vez dentro, a decoração é encantadora. As cores verdes e douradas dão um ar de elegância ao museu, que possui um teto alto, com belos arcos e pilares. Ao redor das diversas luminárias pendentes, delicados desenhos foram pintados à mão. E no chão, há pisos que lembram os charmosos ladrilhos hidráulicos.

A charmosa decoração do Dr. Bhau Daji Lad Mumbai City Museum...
...com seus belos arcos, pilares e luminárias pendentes
O Museu Dr. Bhau Daji Lad é simplesmente fascinante. Não só por sua arquitetura e decoração, mas também pelos seis mil artefatos que o museu abriga em armários de vidro, incluindo esculturas, cerâmicas, moedas, obras feitas de marfim e pinturas de diferentes partes do país, muitos deles em miniaturas, que documentam a vida do povo de Mumbai e a história da cidade a partir do século 19.

Dr. Bhau Daji Lad Mumbai City Museum e suas obras expostas em armários de vidros
A entrada custa Rs 100 rúpias (US$ 2 dólares) e o museu fica no bairro de Byculla. É permitido fotografar, desde que sem flash. Mais informações podem ser obtidas através do site: http://www.bdlmuseum.org/.

National Gallery of Modern Art

Inaugurada em 1954, a NGMA possui hoje a coleção mais importante de arte moderna e contemporânea da Índia. Sua coleção é vasta e eclética, contando com mais de quinze mil obras que testemunham o rico passado do país. Obras datas a partir de 1857 são preservadas ali.

Tive a sorte de visitar a NGMA durante uma exposição de um grande pintor e escultor indiano chamado Ramkinkar Baij (1906-1980). Nascido em família pobre, muitas de suas criações artísticas foram inspiradas no estilo de vida rural.

Ramkinkar é um dos artistas mais importantes da arte indiana moderna. Seu principal ponto de referência era a Arte Ocidental Moderna e obviamente a arte clássica indiana. Ele foi o pioneiro em esculturas modernas ao ar livre na Índia e o primeiro artista indiano a experimentar o Expressionismo (visão interior do artista em oposição à mera observação).

Para mim foi difícil definir seu estilo. Ele tem pinturas a óleo, aquarela e esboços feitos com pena e tinta. Ele fez esculturas em bronze, gesso e concreto. Ele fez esculturas enormes, mas também tem pequenos e delicados quadros. De qualquer forma, no geral, suas obras me agradaram bastante.

É uma pena que os artistas indianos sejam tão pouco conhecidos ao redor do mundo. Se for a Mumbai ou em qualquer parte da Índia, não deixe de prestigiá-los. A entrada para o NGMA custa Rs 150 rúpias (US$ 3 dólares).


Não deixe de visitar também a Jehangir Art Gallery, ao lado do Museu Prince of Wales. A entrada é gratuita e lá é possível ver mais exposições de artistas indianos.






sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Gorai Island & Bandra

Há dois motivos para vistar a ilha de Gorai - em uma ponta há dois agitados parques de diversão  para crianças – Esselworld and Water Kindgom e na outra, uma tranquila estupa (templo construído em formato cônico, que de acordo com o budismo, representa o universo) chamada Global Pagoda.

Global Pagoda em Gorai Island
A arquitetura interna da Pagoda é impressionante. Uma cúpula de pedra foi construída sem pilares, sendo considerada a maior do mundo sem sustentação. Não é permitido entrar na área de meditação, mas é possível vê-la através de um vidro, pela qual tirei a foto abaixo.

Cúpula sem pilares no interior da estupa
Ali, qualquer pessoa pode praticar o Vipassana, uma técnica de meditação que dura dez dias, não sendo permitido falar e nem se expressar de forma alguma, seja através de olhares ou gestos. Nenhuma estupa budista no mundo cobra nada pelos ensinamentos, mas esperam uma doação pela acomodação e alimentação.

A ilha fica meio longe da parte central de Mumbai. É necessário pegar um trem até a estação Borivali, que saindo da estação Churchgate, custa aproximadamente Rs 10 rúpias e leva uns trinta minutos. Em Borivali tem que pegar um ônibus por mais vinte minutos até a balsa que leva à ilha de Gorai, o que custará mais Rs 10 rúpias. Se preferir, pode pegar um tuk tuk e pagar aproximadamente umas Rs 50 rúpias.

A saída da balsa é incrivelmente poluída. A água é preta, densa e fede! Juro que deu vontade de voltar para o hotel. No entanto, uma vez lá, peguei a balsa por mais trinta minutos, que custou mais Rs 35 rúpias (ida e volta) e fui conhecer mais uma estupa na Índia.

Bandra

Na volta, descemos na estação Bandra, um dos bairros mais caros e charmosos de Mumbai, com mansões de artistas de Bollywood e onde há os melhores bares, restaurantes e lojas de ruas.

Almoçamos em um restaurante caro indicado por alguns amigos indianos como sendo um dos melhores italianos da região - Palli Village. O lugar é muito bem frequentado, muito bem decorado, mas a comida deixou a desejar!

De lá fomos tomar um café de frente para a Bandstand Promenade, calçadão de frente para a praia. Praia esta que também não serve para banho, pois ao invés de areia, há somente pedras.

Bandstand Promenade, calçadão de frente para a praia
Caminhando pelo calçadão, passamos pelo “Walk of the Stars”, uma área dedicada aos artistas indianos, com suas mãos esculpidas em placa de bronze no chão, imitando a Calçada da Fama (Walk of Fame), em Hollywood.

Karisma Kapoor, atriz indiana, aos pés da minha irmã
No final da praia (à esquerda para quem olha de frente para o mar) há um Forte Português em ruínas, o Castella de Aguada, de onde se vê a baía de Mahim e a moderna ponte Rajiv Gandhi Sea Link, inaugurada em 2009, para ligar a baía à Bandra.

Castella de Aguada
Ponte Rajiv Gandhi Sea Link e Mahim Bay do lado oposto
Em todas as praias da Índia, sejam elas belas ou não, é possível ver incríveis pores do sol e foi ali que terminamos nosso dia, assistindo a mais um deles.

Pôr do sol em Bandstand, Bandra



quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Chowpatty Beach & Haji Ali's Mosque

Chowpatty Beach é a praia mais famosa de Mumbai, infelizmente não para nadar, uma vez que é também uma das praias mais poluídas do mundo. De qualquer forma, se os indianos nadam no Rio Ganges, porque não nadariam em Chowpatty Beach?

Rodeada por prédios comerciais e residenciais, ainda assim é possível ver belos pores do sol entre os edifícios. Ao final do dia, a praia fica lotada com pessoas que vão ali à procura dos populares quiosques e seus típicos quitutes indianos.

Chowpatty Beach
Saiba que os indianos vão à praia vestidos. As mulheres entram no mar de roupa, já os homens podem usar bermudas.

Indiana vestindo sari
E como os homens indianos podem tudo na sexista Índia, não se espante ao vê-los abraçados e de mãos dadas. Isso é um costume no país inteiro, o que não significa que sejam gays. Para falar a verdade, pouco me importa se são ou não, o que me espanta de verdade é saber que homens podem demonstrar afeto em público e casais não.

Indianos de mãos dadas em Chowpatty Beach
Estando em Mumbai, não deixe de visitar esta praia. A estação de trem mais próxima é a Churchgate. Se tiver coragem, prove os famosos snacks de rua. Recomendo o Pani Puri, um tipo de pãozinho “oco” e crocante, acompanhado sempre de um molhinho diferente para recheá-lo. E tem também o Bhel Puri, um prato que mistura flocos de arroz, vegetais e um macarrãozinho que lembra batata palha. Este talvez seja mais seguro, já que não vem com molho. 

Haji Ali's Mosque

Ao deixar a praia, fomos visitar a mesquita Haji Ali, um dos lugares religiosos mais populares de Mumbai. Construída em 1431 sobre as águas do Mar Arábico, ali está a tumba de um santo muçulmano chamado Haji, o qual era um rico comerciante que se desfez de todos os seus bens antes de fazer uma peregrinação a Meca. Haji Ali morreu durante a peregrinação. Diz a lenda que seu caixão foi lançado ao mar e milagrosamente flutuou até o local onde hoje existe a mesquita.

O acesso à mesquita se dá através de uma longa passarela, que só é possível atravessar em época de maré baixa.

Passarela que dá acesso à mesquita Haji Ali
A mesquita encontra-se em estado precário devido à erosão causada pela água do mar e pelos ventos salinos.  Tristemente, uma camada imensa de lixo trazido pelo mar envolve a mesquita. Em 2008 deram início à recuperação do local, portanto uma vez dentro da mesquita, ao menos a tumba está com melhor aspecto.

Entrada da mesquita
Tumba de Haji Ali, dentro da mesquita
A entrada não é paga, mas pedem uma colaboração para guardarem os sapatos, que devem ser retirados ao entrar na mesquita. Vista-se discretamente para visitar o local, cobrindo especialmente os ombros, no caso das mulheres. De qualquer forma, homens e mulheres devem cobrir a cabeça com um lenço, que é fornecido gratuitamente na entrada, caso você não tenha um. Não se esqueça de devolvê-lo na saída para que outras pessoas possam usá-lo.

Blue Frog

Mumbai é conhecida por ter as melhores nightclubs e as noites mais agitadas da Índia. Sendo assim, com a nossa viagem chegando ao fim, eu e minha irmã não poderíamos deixar de conhecer uma balada indiana.

Por recomendação de alguns indianos, optamos pela Blue Frog por se tratar de um estúdio de produção, que ao mesmo tempo é também uma danceteria, com restaurante e espaço para concertos.

Cada noite toca uma banda diferente e nos divertimos ao som do The Ska Vengers, uma entre milhares de bandas que segue o gênero musical Ska. Para quem não conhece esse estilo musical, o Ska foi o precursor do reggae. As músicas são agitadas e dançantes, combinando jazz, blues e música caribenha, focando suas letras sempre em temas como discriminação, marginalidade e trabalho duro.

Vale a pena, mas já vá sabendo que terá que colocar a mão no bolso! A entrada custa Rs 500 rúpias (US$ 10 dólares). As bebidas custam em média Rs 1,000.00 rúpias (US$ 20 dólares), com os impostos, o valor praticamente dobra. É abusivo, mas esta é a lei para se consumir bebida alcoólica na Índia. Além disso, é necessário pegar táxi para ir e voltar, sendo que para voltar de madrugada, paga-se o dobro.





quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Mahalaxmi Ghat, lavanderia ao ar livre

Cansada(o) de lavar roupa mesmo contando com a comodidade de sua máquina de lavar? Talvez você mude de ideia ao saber que na Índia há milhares de pessoas que trabalham por mais de doze horas lavando roupas em tanques de cimento e a céu aberto.

Tive a oportunidade de conhecer um Dhobi Ghat em Mumbai, termo usado em toda a Índia para se referir a um lugar onde muitos “lavadores” trabalham juntos. Dhobi é também a denominação de uma casta, justamente a casta de pessoas que trabalham lavando roupas.

Atualmente há na Índia mais de três mil castas, que são divisões criadas pela sociedade através da hereditariedade. Ou seja, se você nasce em uma família que lava roupas, você será um “lavador” também. Se você nasce em uma família que possui uma confeitaria, você fará parte da casta de confeiteiros e assim por diante.

O Dhobi Ghat que visitei se chama Mahalaxmi Ghat, existente há cento e quarenta anos, em meio a contrastantes prédios modernos e favelas. 

Mahalaxmi Ghat, lavanderia ao ar livre
O local conta com setecentos tanques e aproximadamente cinco mil funcionários que se revezam trabalhando noite e dia para lavar as roupas principalmente de hotéis e hospitais.

Tanques para lavar roupa
Os “dhobis” costumam lavar quase 150 roupas diariamente, lucrando Rs 4 rúpias por peça, que ao final do dia totaliza em Rs 700 rúpias (US$ 14 dólares). O governo fornece a água, mas os produtos de limpeza ficam por conta dos “lavadores”. Sendo assim, o pouco que ganham em um dia, acaba se reduzindo ainda mais.

Dhobis estendendo as roupas
Para chegar ao local, basta pegar o trem e descer na própria estação Mahalaxmi. A melhor forma de ver a “lavanderia” é da ponte, logo na saída da estação. Por não saber que era tão fácil chegar ali, fui de táxi. O motorista nos deixou no meio da ponte, em um local que ele não deveria parar e onde nós não deveríamos descer.

Se prepare para ser “atacado” por vendedores indianos ambulantes, que ficam na ponte justamente à espera dos turistas. Eles também tentarão ganhar um trocado tentando bancar um guia. Aliás, todas as informações que obtive acima, me foram dadas por uma vendedora e moradora da região, que ganhou uma gorjeta merecida.

Outros tentarão te arrastar para andar pelo ghat, mas saiba que nada é de graça. Para entrar no local é necessário pagar. Não me recordo o valor agora, mas cobram caro! Se preferir, você pode pagar por um tour. Porém, não acho que valha a pena. Da ponte é possível ver tudo perfeitamente.

Koyla Ethnic Cuisine

À noite, para comemorar o “pós-Natal”, eu e minha irmã fomos jantar em um restaurante chamado Koyla, também a céu aberto, na cobertura de um prédio velho, que dá até medo de subir pelo elevador. Mas valeu muito a pena, pois o lugar é super charmoso e eu não poderia deixar de recomendá-lo.

Tendas de madeira com tecidos amarrados nas laterais, luminárias indianas e coloridas e chão de areia, dão ao restaurante um clima bem praiano e descontraído.

Eu e minha irmã no restaurante Koyla
E se ainda quiser indicação de um prato, eu recomendo o Malai Kofta, que são bolinhos vegetarianos recheados com queijo cottage com algum molho tipicamente indiano, cheio de deliciosas especiarias. Como acompanhamento, você pode até pedir arroz, mas estando na Índia, sugiro o chapati (similar ao pão sírio), para ir mergulhando no molho. O único inconveniente do restaurante é que não servem bebida alcoólica.





segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Elephanta Island, templos esculpidos em cavernas

Quem vai a Mumbai, não pode deixar de visitar Elephanta Island, uma ilha composta por sete cavernas impressionantes, onde templos foram escavados principalmente com estátuas de Shiva, entre os anos de 450 e 750 D.C.. Em 1987 se tornaram merecidamente patrimônio mundial reconhecido pela UNESCO.

A ilha fica há 10 km da cidade e para chegar lá é necessário pegar um ferry. Os barcos partem do Gateway of India a cada meia hora.  A viagem dura pouco mais de uma hora e custa Rs 130 rúpias (US$ 2,60 dólares).

Vista do barco, ao deixar o Gateway of India
A entrada para as cavernas custa Rs 250 rúpias (US$ 5 dólares) e há um serviço de guia gratuito. Como sempre, eu prefiro ter a liberdade de caminhar sozinha e me informar através do Lonely Planet ou pela internet sobre o lado histórico dos locais.

As cavernas são facilmente localizadas através de placas. Para chegar até elas, há uma longa escadaria abarrotada de barracas vendendo souvenirs, comércio este que colabora com a economia da pequena ilha, que conta com aproximadamente 1200 habitantes. Apenas um dia é suficiente para visitar as cavernas e não há acomodações no local.

Na ilha também há restaurantes, não sendo necessário levar comida, se assim preferir. Se levar, cuidado com os milhares de macacos que não perdem a oportunidade de roubar dos turistas o que quer que eles estejam comendo.

Macaco tomando sorvete
Inicialmente a ilha era chamada de Gharapuri, que significa justamente Cidade das Cavernas. Com a invasão dos portugueses, em 1534, foi nomeada Elephanta Island, uma vez que, quando ali chegaram, havia uma estátua de um elefante perto do vilarejo.

Na tentativa de levá-la para Portugal, acabaram jogando-a no mar, uma vez que suas embarcações não eram fortes o suficiente para transportá-la. Atualmente a estátua se encontra no jardim do Bhau Daji Lad Museum (também conhecido como Victoria & Albert Museum).

Estátua do elefante que pertencia à Elephanta Island, no jardim do Bhau Daji Lad Museum
A caverna principal, conhecida como Great Cave (Grande Caverna) ou Shiva Cave (Caverna do Shiva) é a maior e também a mais impressionante de todas. Pilares enormes sustentam sua entrada e seu interior.

Great Cave ou Shiva Cave, a maior e mais importante caverna de Elephanta Island
No interior da Great Cave ou Shiva Cave
Em todas as suas paredes há estátuas de Shiva, cada uma representando uma história diferente. A escultura mais importante de todas se chama Trimurti, imagem composta por três cabeças, que são os principais deuses do hinduísmo: Brahma - o Deus Criador, Vishnu – o Deus Conservador (preservador do universo) e Shiva – o Deus Destruidor ou Transformador. Observando que na tradição hindu, Shiva destrói para reconstruir, renovar, transformar.

Trimurti, escultura com as cabeças dos três principais deuses do hinduísmo
Entre todas as esculturas, a minha preferida é a chamada Gangadhara, com aproximadamente cinco metros de altura, e que representa Shiva e sua esposa Parvarti nas nuvens, rodeados por outras divindades, “regando-os” com flores.

Eu e minha irmã em frente à escultura Gangadhara
As outras cavernas parecem inacabadas e estão ainda mais corroídas pelo tempo, mas valem completamente a visita. Mesmo desgastadas, isso lhes confere ainda mais charme.

Mais uma das cavernas de Elephanta Island
Café Mondegar

Depois de um presente histórico como este, eu e minha irmã fomos comemorar a noite de Natal no Café Mondegar, um bar e restaurante badaladíssimo de Mumbai, onde indianos e turistas disputam por uma mesa no grito, logo na tão lotada entrada. O local é alegre, colorido e jovial. Além de servirem pratos deliciosos, é um dos poucos que servem bebida alcoólica. Recomendo!

Minha irmã segurando o presente que dei a ela no Natal, no Café Mondegar
Passar o Natal na Índia foi uma experiência de grande desprendimento. Por mais que os indianos celebrem o Natal, esta não é uma de suas datas mais importantes. Vê-se poucas luzes e decorações pelas ruas, o trânsito não se torna caótico e as lojas não ficam lotadas. Não vi sequer, um papai noel! 

Diferente dos Natais do Brasil, onde as pessoas ficam enlouquecidas para comprar presentes, gerando um consumismo desenfreado e o esquecimento do real motivo da comemoração desta data, os indianos agem como se fosse um dia como outro qualquer e à noite, celebram com a típica ceia de jantar. Devo confessar que foi ótimo não passar pelo estresse de SP nesta época.

A propósito...HO HO HO para todos vocês! :-D





domingo, 23 de dezembro de 2012

Mumbai, a cidade mais rica da Índia

Após descansar por uma semana nas belas praias de Goa, pegamos um ônibus a caminho da agitada Mumbai, capital do estado de Maharashtra. A viagem durou 12 horas e a passagem custou Rs 1,000.00 rúpias cada (US$ 20 dólares).

Mumbai, também conhecida como Bombay, é a cidade mais cara e mais rica da Índia. É também a mais populosa, com aproximadamente 20 milhões de habitantes e considerada a quarta maior cidade do mundo.

Como uma grande metrópole, Mumbai é também a cidade do entretenimento, com excelentes restaurantes, lojas de grife e de decoração, bares e casas noturnas. Além disso, comanda a indústria de cinema Bollywood. Para as estrangeiras, é possível até mesmo fazer umas aulas de dança particulares e participar como figurante nos famosos musicais indianos.

O bairro mais agitado de Mumbai é Colaba e também o mais caro. O atrativo da região é o mercado de rua da Colaba Causeway, onde é possível encontrar todos os tipos de produtos indianos. Como sempre, esteja mais do que preparada (o) para barganhar!

Arquitetura colonial

Em minha opinião, o diferencial da cidade está em sua arquitetura colonial da época do Império Britânico. As construções são belíssimas e impressionantes. No guia Lonely Planet, existe um roteiro que é possível fazer a pé, para ver os principais marcos da cidade.

Eu e minha irmã não nos damos muito bem com mapas (como qualquer mulher rs) e os indianos parecem não conhecer muito bem seus patrimônios para dar informações nas ruas. Enfim, após nos perdermos várias vezes, acabamos vendo tudo.

Começamos pelo Gateway of India, considerado um dos monumentos mais importantes de Mumbai. Apesar de conhecer apenas por fotos, é muito similar ao Arc de Triomphe, em Paris. Sua construção teve início em 1911, para comemorar a visita do Rei George V à cidade, tendo sido inaugurado somente em 1924. Naquela época, simbolizava poder e grandeza. Hoje é uma lembrança monumental do domínio dos britânicos sobre os indianos.

Gateway of India
Em frente ao Gateway of India, é impossível não notar a suntuosa arquitetura do hotel Taj Mahal Palace. Inaugurado em 1903, já recebeu convidados notáveis, desde presidentes como Barack Obama e Bill Clinton, artistas como Angelina Jolie e Brad Pitt, até cantores de rock como Mick Jagger e os integrantes do The Beatles.

As diárias começam em US$ 400 dólares, mas se preferir a suíte presidencial, pagará em torno de US$ 4 mil dólares. Não fique constrangido de dar uma voltinha por dentro do hotel, onde há restaurantes com preços acessíveis (a partir de Rs 1,000.00 rúpias/US$ 20 dólares) e lojas de grife.

Em 2008 o hotel sofreu um ataque terrorista, que destruiu parcialmente o edifício e matou 163 pessoas, tendo sido reinaugurado em 2010.

Taj Mahal Palace de frente para o Apollo Bunder Harbour
Em seguida visitamos a St. Thomas Cathedral, que a meu ver, não merece nem uma foto. Trata-se de uma igreja simples, por fora e por dentro. Foi inclusa no roteiro por ter sido a primeira igreja britânica de Mumbai, construída em 1718.

Ainda dentro do roteiro de igrejas, seguimos para a Keneseth Eliyahoo Synagogue, pouco mais interessante que a igreja acima. Foi difícil encontrá-la. A sinagora fica escondida na esquina de uma rua estreita e só a localizei devido à sua cor azul super chamativa.

O prédio está extremamente deteriorado por fora. Mas não é por menos, afinal foi construída em 1884. De qualquer forma, por dentro é bem charmosa. Não se assuste com os guardas armados no local. Estão lá para evitar conflitos religiosos. Não paga nada para entrar, mas é necessário pagar Rs 100 rúpias (US$ 2 dólares) se quiser tirar fotos.

O meu edifício histórico preferido é definitivamente o Chhatrapati Shivaji Terminus, mais conhecido como Victoria Terminus, terminal de trem onde foram gravadas várias cenas do filme Quem Quer Ser um Milionário.

Finalizado em 1884, atualmente é a estação de trem mais movimentada da Ásia. Sua arquitetura gótica é deslumbrante e chama a atenção de qualquer um que passa por ali. Não é por menos que se tornou um patrimônio mundial reconhecido pela UNESCO em 2004.

Victoria Terminus
Não deixe de dar uma olhadinha também na High Court, outra construção gótica de 1848. É permitido entrar no tribunal superior para admirá-lo por dentro. Mas devido ao grande movimento, preferi apenas passar em frente.

Há também o museu Chhatrapati Shivaji Maharaj Vastu Sangrahalaya, mais facilmente chamado de Prince of Wales Museum. Me contentei em admirar a maravilhosa arquitetura só por fora, pois estava acontecendo uma exposição de múmias, sarcófagos e estátuas do Egito, que eu já havia visto no Brasil. De qualquer forma, a entrada custa Rs 300 rúpias (US$ 6 dólares) e se quiser tirar fotos, adicionar mais Rs 200 rúpias (US$ 4 dólares).

E por fim, outra arquitetura que chama a atenção é a da University of Mumbai, uma das universidades mais antigas da Índia, construída em 1857. Está entre as três melhores do país.  No entanto, não é permitido visitá-la por dentro. Talvez porque estivessem em época de férias, não sei dizer ao certo.

À noite jantamos no agitadíssimo Leopold’s Café, um boteco existente desde 1871, com comidas deliciosas, mas que se tornou famoso devido ao também famoso livro Shantaram. Inspirado na própria vida do autor, que fugiu de uma prisão de segurança máxima na Austrália para morar nas favelas da Índia, o restaurante é mencionado no livro como um de seus favoritos. Chegue cedo, pois sempre há enormes filas de espera.




domingo, 16 de dezembro de 2012

Goa, as melhores praias da Índia

Com tanta diversidade cultural, eu realmente não fazia questão de visitar as praias da Índia. Mas como minha irmã adora praia e não é por menos que mora na Austrália, ela acabou me convencendo de que esta também poderia ser uma experiência diferente.

Pegamos um ônibus de Fort Kochi até Goa, viagem esta que durou 16 horas. Pagamos Rs 1,450.00 rúpias (US$ 29 dólares) por um sleeper bus (ônibus leito), obviamente esperando por poltronas que reclinassem ao máximo.

Por incrível que pareça, o ônibus possuía cabines com camas espaçosas e relativamente confortáveis, muito parecidas com os trens indianos. E para a privacidade dos turistas, cada cabine possui uma cortina.

Os colchões são revestidos com couro sintético. Não se esqueça de levar sleeping bag (saco de dormir) ou um lenço/pashmina para se cobrir. Até que não é tão difícil dormir com o ônibus em movimento. Para mim, o maior incômodo foi o ar condicionado, que ficou bem gelado durante a viagem. Opte pela upper bed (cama de cima) para que ninguém fique te incomodando ao subir ou descer da cama.

Não espere toilets. Mesmo com viagens tão longas, nenhum ônibus indiano possui banheiro. Portanto, minha dica é que evite tomar água. De qualquer forma, o motorista realiza paradas para almoço, jantar e até mesmo para um chai.

E quem diria que na Índia pudessem existir praias tão belas? Eu e minha irmã optamos pelo sul de Goa, onde há mais natureza, mais verde, mais montanhas. Mas se você quer agito e baladas, opte pelo norte.

Palolem Beach

Se quiser ambos - agito e natureza, você também encontrará isso ao sul de Goa, na praia de Palolem, com milhares de lojas indianas na rua principal da praia, bares, restaurantes e casas noturnas.

Lojinhas indianas na rua principal de Palolem
Passei um dia nesta praia. Além de lotada, barcos ocupam grande parte de suas areias, uma vez que dali partem passeios para ver golfinhos. Me surpreendeu saber que há golfinhos nas águas indianas ou, mais propriamente dito, Mar Arábico.

Palolem Beach
Se ainda assim você quiser fugir do agito na própria Palolem Beach, caminhando até o final da praia (à direita para quem olha para o mar), há uma mini praia onde é possível fazer nudismo, obviamente, só para estrangeiros.

Mais adiante, há um bar com um pequeno lounge todo feito de palha. Na verdade, trata-se de uma hospedagem com cinco cabanas de madeira, mas o dono gentilmente disponibiliza cadeiras de praia para os visitantes, que podem ir até lá apenas para tomar umas bebidas. 

O acesso é pelo mar e em algumas partes, a água chega à cintura. Portanto, antes de ir, verifique o horário de maré alta. De qualquer forma, se falar com o dono do local, ele pode providenciar um barco para levá-lo de volta à praia.

Lounge na ponta da praia de Palolem
Bar na ponta da praia de Palolem, ao lado do lounge acima
Agonda Beach

Por preferirmos praias desertas, optamos por Agonda Beach, a 15 minutos de carro de Palolem. Mesmo em alta temporada, a praia estava extremamente vazia. Na opinião dos moradores e comerciantes locais, os turistas debandaram devido ao suposto fim do mundo, que seria no dia 21/12/2012. Neste dia eu estava na praia, torcendo para que um tsunami não nos atingisse.

Ali ficamos por uma semana, assistindo a pores do sol incríveis, simplesmente todos os dias. Além disso, a praia é limpa, o mar é calmo e a temperatura da água não poderia ser mais adequada.

O belo encontro da lua e do sol
Pôr do sol em Agonda Beach
Da ponta esquerda da praia também saem barquinhos de pescadores, para ver golfinhos. Eu e minha irmã fomos com mais três amigos e cada um pagou Rs 250,00 rúpias (US$ 5 dólares) por uma hora de passeio. Não vá esperando um espetáculo com milhares de golfinhos. De qualquer forma, é sempre encantador vê-los pulando pela água, mesmo que brevemente.

E como não poderia deixar de ser, as vacas também frequentam as praias indianas e aos bandos! E não se engane, elas são consideradas sagradas, mas atacam.

Frequentadores das praias indianas
É difícil se locomover para as outras praias. Não há locadoras de automóveis. A moda por lá são as scooters, que você pode alugar por apenas Rs 200,00 rúpias por dia (US$ 4 dólares). Eu achei as estradas de acesso de uma praia para outra meio perigosas para ir de moto, além disso, os indianos dirigem como loucos. Há também a opção dos tradicionais tuk tuks e por fim, os táxis, que são um pouco mais caros.

As praias da Índia são bem rústicas. Mesmo em Palolem, as ruas não têm calçadas, as casas são humildes e não há hotéis caros e elegantes. Na verdade, há muitas guest houses (casas de família). Eu e minha irmã ficamos em uma dessas e pagamos Rs 600 rúpias por dia (US$ 12 dólares).

Também não há casas de praias. A moda nas praias indianas são as famosas cabanas de madeira. A melhor hospedagem de Agonda se chama Dunhill, com cabanas chiquérrimas de vidro, de frente para o mar, que custam na faixa de Rs 5 mil rúpias a diária (US$ 100 dólares).

Agonda Beach
Vá sabendo que a todo momento faltará luz, portanto, carregue sempre uma lanterna ao sair à noite. Na maioria das acomodações não há água quente e os restaurantes são simples, mas com comidas muito boas.

Cola Beach

Além de Palolem e Agonda, visitamos por um dia uma praia chamada Cola, também a 15 minutos de carro, de Agonda. Por sorte, fizemos amizade com um indiano que nos levou para todos esses lugares.

O charme desta praia é que suas areias são divididas em duas partes – de um lado o mar e do outro uma bela lagoa chamada Blue Lagoon, com cabanas ao redor.

De um lado a Blue Lagoon...
...do outro lado, o mar
Recomendo que vá em grupos e não somente em mulheres, pois infelizmente o número de estupros têm aumentado nas praias de Goa, principalmente em Cola Beach, onde a ociosidade faz com que os indianos se alcoolizem cada vez mais.