O orfanato que eu e minha irmã trabalhamos no Quênia se chamava Light Orphanage Centre e coincidentemente aqui em Delhi, estamos trabalhando na Morning Light School, uma pequena escola que a ONG Volunteering Activity abriu no meio da favela de Nehru Colony, no bairro de Faridabad, para tirar algumas crianças das ruas.
A escolinha conta com aproximadamente 40 crianças, divididas em duas salas, sendo uma sala para crianças entre 04 e 06 anos e outra sala, para crianças até 12 anos de idade.
Falta energia a maior parte do tempo e a fiação é precária. Portanto, muitas vezes damos aula sem luz e sem ventilador. Nenhuma das salas tem janela e com o calor que tem feito, mais parecem duas saunas. Outras vezes damos aula do lado de fora, que dá para os corredores da favela. Porém, há muito barulho por causa das pessoas que passam, vendedores gritando para vender seus produtos, motos buzinando e até mesmo outras crianças curiosas, querendo se enfiar no meio da aula.
Crianças desenhando no chão, do lado de fora da sala |
As salas são pequenas, portanto, não há mesas e cadeiras, mesmo porque, nem haveria espaço. As crianças se sentam no chão. Por conta das doações de voluntários, pelo menos a escola conta com alguns materiais escolares como lápis de cor, giz de cera, livrinhos para colorir e de estórias infantis. Mas falta o essencial - cadernos, lápis, canetas e livros escolares. Eu e minha irmã também colaboramos com doações, comprando mais materiais escolares e até mesmo alguns brinquedos para entretê-los como massinha e lego.
Brincando de lego com as crianças |
A escola possui 04 salas, sendo que apenas 02 estão sendo usadas. Não há banheiros. No entanto, próximo à escola há um córrego imundo, que cheira podridão e cheio de moscas, onde algumas crianças costumam fazer suas necessidades. Como não há banheiro, não há como lavar as mãos e são com essas mãozinhas sujas que elas adoram nos tocar! Algumas moram por perto, então às vezes vão para casa rapidamente para usar o banheiro. Banheiro é modo de dizer, pois nesta favela não há água e nem saneamento básico.
Córrego ao lado da escolinha |
Os pequenos corredores cheiram a esterco e por ali passam vacas, porcos e cachorros. O que mais me perturba são as moscas, pois tenho receio de contrair malária ou até mesmo dengue. Mesmo usando repelente, os mosquitos têm acabado comigo. E como se não bastasse, também há as pulgas. No Quênia fui inteira picada!
Corredor em frente à escola |
Na escola há duas professoras, ambas têm 18 anos de idade e nenhuma preparação para ensinar. Não falam inglês, o que dificultou muito nosso trabalho no começo, pois era impossível nos comunicarmos com elas e com as crianças. Por sorte, Sushma, a nossa “mãe” indiana, tem nos acompanhado até a escola e também está ensinando inglês. Porém, somente na parte da manhã, quando seus filhos estão na escola.
Damos aula para as crianças das 09 às 12h30. Almoçamos em casa e retornamos à escola às 15h para ensinar inglês durante 02 horas, apenas para adolescentes mulheres, o que tem sido um desafio, pois todo dia precisamos correr atrás de uma indiana que também fale inglês, para nos ajudar durante as aulas, traduzindo-as para o hindi.
Aula de inglês para adolescentes |
Não vou negar que às vezes é cansativo e até mesmo frustrante a falta de infra-estrutura. Mas é para isso que os voluntários servem – para lidar com as dificuldades em meio à tanta pobreza e para ajudar essas crianças e adolescentes que tanto precisam. No final, é gratificante saber que estamos fazendo alguma diferença em suas vidas.
Aprendendo o alfabeto em inglês |
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