domingo, 12 de agosto de 2012

Sobre a DTR (Dreams to Reality Foundation)

Conforme mencionei no começo do blog, para trabalhar como voluntária nos 03 países que escolhi juntamente com a minha irmã (África do Sul, Quênia e Índia), me associei à IVHQ – International Volunteer Headquarters. Sendo que, em cada país, eles mantêm parceria com diferentes ONGs às quais também tivemos que nos associar, uma vez que sua sede fica na Nova Zelândia.
Dessa forma, na África do Sul, me associei à DTR e da qual falarei abaixo para os interessados em voluntariado neste país, agora que já conclui meu trabalho.
Logo de cara, já achei a ONG extremamente desorganizada. Ao preencher o formulário online de associação, mencionei que gostaria de trabalhar em orfatanatos. Porém, no primeiro dia de orientação, descobri que eles só tinham parceria com escolas e creches na favela de Capricorn, em Muizenberg, há 45 minutos do centro de Cape Town.
O dia de orientação foi bem casual, sendo que eu esperava algo mais profissional. Reuniram todos os voluntários na casa principal e de forma breve, nos deram algumas informações básicas sobre o trabalho e sobre segurança. Além disso, entre todos os documentos, solicitam também uma  ficha criminal. Alguns voluntários esqueceram e a ONG nem fez questão de cobrá-los.
Também mencionaram nas apostilas que trabalharíamos de 2ª a 6ª feira, das 09 às 15h. Sendo que trabalhávamos apenas das 09 ao meio-dia.
Com o passar do tempo, claro que fui me acostumando e me apegando às crianças da creche. Tenho consciência de que as crianças das favelas também precisam de ajuda, muitas não têm pais ou se têm, não têm a educação e criação adequadas. Mas crianças orfãs, certamente precisam muito mais de nossa ajuda.  
O trabalho voluntário depende muito de você mesmo (a). Meu primeiro dia na creche Sunrise Educare foi decepcionante, pois a DTR nos deixa no local, não nos introduz a ninguém e nem diz o que faremos. Me colocaram em uma sala onde as professoras só conversavam entre elas, em Afrikaans, e mal conversaram comigo. Fiz minha parte, mas como não senti reciprocidade, no dia seguinte simplesmente mudei de sala.
Por sorte, minha irmã foi muito bem recepcionada por excelentes professoras, sendo que uma delas era assistente. Portanto, decidi ficar na mesma sala que ela.
Com o passar dos dias, muitos voluntários insatisfeitos, pediram seu dinheiro de volta. Não sei dizer se conseguiram, mas muitos que ficariam por volta de 01 mês, simplesmente foram embora na primeira semana. Mas devo dizer que nas apostilas que recebemos via email, deixam bem claro que não devolvem o dinheiro.
Também fomos conversar com os fundadores da DTR – Tim e Iviwe. Lavamos toda a roupa suja, falamos tudo que achávamos estar errado, da mesma forma que eles também puderam nos expôr seus esforços e dificuldades. Comunicação é tudo!
A partir de então tudo começou a entrar nos eixos. Começaram a organizar a distribuição de sopa com mais frequência, foram atrás de doação de produtos para montarmos cestas básicas para entregarmos na favela e  começaram a se organizar melhor no escritório.
Além disso, eu e minha irmã fizemos de tudo para colaborar com as atividades da creche e com as professoras, sempre agindo de forma pró-ativa. E também procuramos outra ONG, por conta própria, para trabalhar à tarde (Mother’s Unite, sobre a qual já comentei em um post anterior).
A DTR é uma ONG muito recente e com donos muitos jovens – na faixa dos 30, portanto, fomos meio que “cobaias”. De qualquer forma, espero sinceramente que aprendam com seus erros e até mesmo com as sugestões dos voluntários, para que possam receber os próximos adequadamente.
Conheci outras pessoas fazendo trabalho voluntário através de outras ONGs e acabei descobrindo que a DTR também tem seu lado positivo. As outras ONGs cobram fortunas, não proporcionam muita comida e hospedam os voluntários longe do local de trabalho. Disso não posso reclamar! O valor que paguei foi justo, fiquei em uma ótima acomodação, com comida farta e próxima do trabalho. Além disso, eles também proporcionam transporte para ida e volta, pois não podemos andar nas favelas, por questões de segurança. A equipe da DTR, apesar de desorganizada, era muito amigável e solícita.
Devo mencionar que demos sorte com a nossa acomodação, pois nosso primeiro dia foi um pesadelo. Nos colocaram em uma casa com 20 voluntários (praticamente adolescentes) e apenas 02 banheiros. Uma verdadeira zona! Não tivemos dúvida, reclamamos na manhã seguinte e já nos mudaram para uma casa de família, solicitação esta que também havíamos feito ao nos associarmos à ONG.
Tudo na vida tem o lado positivo e o negativo e posso dizer que, apesar de todos os contra-tempos, foi uma experiência muito válida e gratificante. Só depende de nós extraimos as coisas boas e considerarmos tudo como um grande aprendizado! Não quero criar expectativas para não me decepcionar, mas agora só me resta esperar que a ONG do Quênia seja melhor. Deixarei vocês sabendo em breve!

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