sábado, 13 de outubro de 2012

New Delhi x Old Delhi

Segundo final de semana em Delhi, estava mais do que na hora de conhecer o centro da cidade, ou melhor, a divisão entre New Delhi e Old Delhi (Nova e Antiga Delhi). Contratamos um guia para nos levar aos principais templos e fortalezas, bem como nas casas (atualmente museus) de Gandhi e Indira Gandhi.
Nosso guia em Delhi - Rajiit (Cel: 9213-536-303)
New Delhi é a capital da Índia e lembra um pouco a organização de Washington D.C. – bem planejada, arborizada, policiada, limpa e muito bonita, servindo como sede do Governo da Índia. A diferença, claro, está no estilo indiano e nas cores de suas construções, sempre voltadas para o terracota.
Região da sede do Governo - New Delhi
Old Delhi é uma loucura – poluída em todos os aspectos, principalmente poluição sonora, uma vez que buzinar é um hábito cultural e barulho nacional. Além disso, Old Delhi é simplesmente lotada. Dificilmente andamos pelas ruas sem esbarrar em alguém. Mas é de se esperar, afinal a Índia é o segundo país mais populoso do mundo, com aproximadamente 1,2 bilhão de pessoas, segundo dados do censo de 2011.

Chandni Chowk é um dos bairros mais antigos e movimentados da Antiga Delhi. É também conhecido por suas ruas estreitas e cada uma com um tipo de comércio - rua das pratas, rua das roupas, rua dos papéis artesanais etc. 

Chandni Chowk, um dos bairros mais antigos e movimentados de Old Delhi

Fiação em Chandni Chowk
Começamos nosso tour visitando um lindo e enorme parque chamado Raj Ghat, um memorial a Gandhi. Uma plataforma de mármore negro marca o local de sua cremação, sendo que suas cinzas foram jogadas no Rio Ganges. O parque pode ser visitado todos os dias, das 06 da manhã às 06 da tarde. Os visitantes devem deixar os sapatos em uma chapelaria na entrada.
Raj Ghat

Local onde Gandhi foi cremado
Mohandas Karamchand Gandhi, popularmente conhecido como Mahatma Gandhi, foi assim nomeado pelos indianos por ser defensor da verdade e da não-violência (Mahatma, sginifica “Grande Alma”, em sânscrito).
Filho de político e formado em Direito, Gandhi foi um cidadão extremamente polêmico. Nunca recebeu um Prêmio Nobel da Paz, mas foi indicado cinco vezes.
Estava sempre envolvido em marchas revolucionárias, incentivava funcionários explorados por seus empregadores a realizarem greves e lutou sobretudo pela independência da Índia. Chegou até mesmo a fundar um semanário para criar uma conscientização em massa sobre a necessidade da desobediência civil como meio de revolução, porém, sem o uso da violência.
Em 30 de Janeiro de 1948 foi assassinado a tiros por Nathuram Godse, um hindu radical que o responsabilizava pelas mudanças e enfraquecimento do Governo. Como punição, Godse foi enforcado.
Foi para saber de toda essa história que visitamos Gandhi Smriti (Memórias de Gandhi), local onde o Gandhi morou por aproximadamente 150 dias. Pegadas foram construídas para demonstrar o caminho por onde ele percorreu, até chegar ao jardim atrás de sua residência, onde foi assassinado. Atualmente a casa se tornou um museu, podendo ser visitada gratuitamente, de 3ª a domingo, das 10 às 17h.
Última residência de Gandhi, em Delhi (Gandhi Smriti)
Local onde Gandhi foi assassinado
Seguimos para a casa de Indira Gandhi, crente que ela tinha algum parentesco com Gandhi. No entanto, acabamos descobrindo que ela era filha de Jawaharlal Nehru, que foi o  1º Primeiro-Ministro em 1947, quando a Índia se tornou independente dos britânicos.
Entrada da casa de Indira Gandhi
Seu sobrenome na verdade é proveniente de seu marido - Jehangir Gandhy, que mudou a ortografia de seu nome para Gandhi, sobrenome pertencente a uma casta de perfumistas, à qual Mahatma Gandhi pertencia. Portanto, seus sobrenomes não tinham relação alguma, mas a ajudou em muito em sua carreira política.
Em 1966, Indira Gandhi se tornou Primeira-Ministra da Índia, ocupando a mais alta posição do Governo, em uma sociedade completamente patriarcal. Foi uma grande líder, reconhecida mundialmente por sua forte personalidade.
Seu governo ficou marcado pelo rompimento entre hindus e sikhs, sendo essa a razão de seu assassinato. Um dos líderes sikhs proclamou que eles eram uma comunidade soberana, que deveria se auto-governar. Temendo o movimento, o governo de Indira ordenou que o exército invadisse o Templo de Ouro, templo mais importante de prece para os Sikhs, por ter sido transformado em esconderijo secreto de armas. Aproximadamente 500 pessoas foram mortas e os sikhs se revoltaram.
Indira foi assassinada em 1984, em sua própria casa, por dois de seus seguranças – Beant Singh e Satwant Singh, ambos da religião sikh*. O primeiro foi morto durante o tiroteio e o segundo, enforcado.
Local onde Indira Gandhi foi assassinada
*Apenas 1% da população faz parte da religião sikh. Diferente dos hindus, eles comem qualquer tipo de carne, usam longas barbas e turbantes.
Nosso próximo ponto turístico foi o India Gate, um monumento nacional com 42 metros de altura, situado no coração de New Delhi. Inspirado no Arc de Triomphe de Paris, esse marco histórico foi construído em 1931, em homenagem aos 90 mil soldados indianos que lutaram pelo exército britânico durante a 1ª Guerra Mundial.
India Gate
Finalizamos nosso passeio no sereno Bahai Temple, mais conhecido como Lotus Temple, o templo mais lindo que já visitei e onde pudemos nos sentar a apreciar sua beleza interna, em completo silêncio e sem fotos, uma vez que só é permitido fotografar do lado de fora.
Bahai Temple, mais conhecido como Lotus Temple
Antes de visitar museus, templos e fortalezas, gosto sempre de ler a respeito, para não ter que pagar por um guia. Mesmo porque, também prefiro circular livremente em qualquer local. Fiquei impressionada com esse templo, não somente por causa de sua beleza, mas também pela forma como foi construído. Não é por menos que revebeu vários prêmios relacionados à sua arquitetura.
Sua estrutura é muito similar ao Opera House, inaugurado em 1973, em Sydney, na Austrália. A diferença está no formato de suas “pétalas” – Lotus Temple tem suas pétalas voltadas para dentro, sendo que o Opera House, tem suas pétalas voltadas para fora. Além disso, o Lotus Temple é envolto por piscinas de água doce, sendo que o Opera House é cercado por água salgada.
Opera House, em Sydney, na Austrália
Sua construção foi extremamente difícil, uma vez que não há linhas retas e pilares. Uma réplica em escala real teve que ser construída inicialmente para verificar a viabilidade das formas geométricas. Foram gastos 10 anos entre o desenho e a execução do Lotus Temple, tendo sido finalizado em 1986. Sua estrutura é toda feita em mármore branco, seguindo o formato de flor de lotus, um símbolo nacional de elevação espiritual.

Lotus Temple
Seu design é composto por 27 pétalas e rodeado por 09 grandes piscinas que não só torna o templo mais belo ainda, como tem um papel significante em seu resfriamento natural.
Foto aérea (origem: internet)
O salão central comporta 2500 pessoas e o ambiente é clean e sem imagens de divindades, uma vez que o templo foi construído para todas as raças, credos e religiões.

Lotus Temple por dentro (origem: internet)
Não vejo a hora de visitar o Taj Mahal, que na verdade é um mausoléu, então não dá nem para comparar. Mas devo dizer que realmente fiquei impressionada com esse templo. É simplesmente maravilhoso!

4 comentários:

  1. Que maravilha, Claudine, estava ansiosa para saber notícias suas na Índia. Seu relato é um primor. Boa estada e continue o bom trabalho que vem fazendo. Abraços + Namastê!

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  2. Oi Nazira,

    Muito obrigada! São comentários como os seus, que me incentivam a escrever em meu blog. Não vou negar que dá trabalho, mas tem sido um grande prazer.

    Namaste,
    Claudine

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  3. Il, seu comentário veio em branco...rs...mas levarei em conta o sorrisinho!!! kkkkkk

    Bjos,
    Di

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